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A lendária BR 156

Ruy GuaranyArticulista   Em seu primeiro discurso, ao assumir o cargo de governador do recém criado território federal do Amapá, em solenidade ocorrida no dia 25 de janeiro de 1944, o capitão Janary Gentil Nunes já manifestara a intenção de ligar Macapá a Clevelândia, através de uma rodovia. Quando ainda tenente, Janary comandou o Pelotão […]


Ruy Guarany
Articulista

 

Em seu primeiro discurso, ao assumir o cargo de governador do recém criado território federal do Amapá, em solenidade ocorrida no dia 25 de janeiro de 1944, o capitão Janary Gentil Nunes já manifestara a intenção de ligar Macapá a Clevelândia, através de uma rodovia.

Quando ainda tenente, Janary comandou o Pelotão de Fronteira sediado naquela localidade fronteiriça e pôde se inteirar das dificuldades enfrentadas pela população devido à carência de transportes.

Logo surgiu o projeto da estrada, que foi aprovado sob a sigla de BR 15. Como forma de agilizar a execução do projeto, o governo aproveitou a trilha deixada pelo general Cândido Mariano Rondon para a instalação do telégrafo entre Macapá e Porto Grande.

Em 1947, a sonhada Macapá-Clevelândia chegava às margens do rio Araguari, num trabalho pioneiro dirigido pelo engenheiro Hermógenes de Lima Filho, então diretor da Divisão de Obras.

Antes de deixar o governo do território, para assumir a presidência da Petrobras, Janary conseguiu que a estrada chegasse aos municípios de Amapá e Calçoene, permitindo o tráfego de veículos. À essa altura, a sigla já havia sido mudada para BR 156.

Com a mudança do governo, em 1957, a estrada passou a sofrer algumas paralisações, decorrentes da escassez de recursos.

Durante o governo militar, os serviços da BR 156 foram reativados, obedecendo o projeto inicial, que consistia da passagem pela vila do Lourenço, seguindo até a o Oipoque.

A ligação do caminho de serviço ocorreu em 1970, durante o governo Ivanhoé Martins, quando o primeiro carro, dirigido pelo fiscal da estrada, Amaury Guimarães Farias, chegou ao Oiapoque e foi muito festejado.

Hoje, a rodovia considerada como espinha dorsal do estado completa 70 anos e ainda não foi concluída por descaso do governo federal. Diante desse marasmo oficial, a BR 156 se tornou lendária, fazendo surgir histórias fantásticas, contadas por motoristas que afirmam ter visto carros trafegando em sentido contrário, com farol ligado e desaparecerem misteriosamente. Assombrações e até objetos voadores não identificadostambém causariam sustos na rodovia.

A decisão do senador Randolfe Rodrigues de desenvolver gestões objetivando a transferência da conclusão da BR 156 a um batalhão de engenharia do Exército está correta e atende o clamor da população do município do Oiapoque, maior prejudicada com essa “homeopatia” de longos anos que já gerou até o trocadilo: “O mesmo trecho, o mesmo local. A mesma estrada, o mesmo lamaçal”.


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