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Ruy, mais atual que nunca

Candidato à Presidência da República na chamada “campanha civilista” contra Hermes da Fonseca, Ruy Barbosa logo se desencanta com o sistema político que ajuda a implementar. 


Raimundo Santos Lopes – Médico
Colaborador

Ruy Barbosa de Oliveira nasceu em Salvador, Bahia, a 5 de novembro de 1849. Faleceu em Petrópolis no dia 01 de março de 1923. É um dos mais renomados juristas que a história do Brasil já conheceu, além de notável intelectual. Foi também político, diplomata, escritor, filólogo, tradutor e orador. Tendo sido um dos principais mentores intelectuais no processo de organização da República, Ruy foi coautor da constituição da Primeira República, juntamente com Prudente de Morais. Trabalhou arduamente na defesa do federalismo, do abolicionismo e na promoção dos direitos e garantias individuais. Em novembro de 1889 é nomeado como Primeiro ministro da Fazenda. Foi também deputado e senador, até 1892, notável orador, estudioso da língua portuguesa, membro fundador da Academia Brasileira de Letras e seu presidente, entre 1908 e 1919.

Na qualidade de delegado do Brasil na II Conferência da Paz, em Haia (Holanda, 1907), destaca-se como defensor do princípio da igualdade dos estados. Sua brilhante defesa lhe rende o apelido de “Águia de Haia”. Teve papel decisivo na entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial. No final de sua vida é indicado para ser juiz da Corte Internacional de Haia, cargo de enorme prestígio que recusa.
Candidato à Presidência da República na chamada “campanha civilista” contra Hermes da Fonseca, logo se desencanta com o sistema político que ajuda a implementar. Em seus últimos anos de vida passa a realizar vários comentários contra o governo e a favor da ética e da moralidade pública. Suas críticas logo ganham conhecimento público. Mais atuais do que nunca, eis as principais mensagens de Rui Barbosa para reflexão diante deste triste quadro de corrupção em que nosso país está metido:

– De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto. Não se deixem enganar pelos cabelos brancos, pois os canalhas também envelhecem. As leis são um freio para os crimes públicos. A força do direito deve superar o direito da força. A verdade não se impacienta porque é eterna. A mais triste das vidas e a mais triste das mortes são a vida e a morte do homem que não tem coragem de morrer pelo bem, quando por ele não possa viver. Não é a terra que constitui a riqueza das nações, e ninguém se convence de que a educação não tem preço. A liberdade não é um luxo dos tempos de bonança; é, sobretudo, o maior elemento de estabilidade das instituições. O homem que não luta pelos seus direitos não merece viver. A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade.

Como autor deste artigo, deixo também a minha mensagem, Epitáfio de um Povo:

“Tenho vergonha de mim, pois faço parte de um povo que não reconheço, enveredando por caminhos que não quero percorrer… Tenho vergonha de minha impotência, de minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço. Não tenho para onde ir, pois amo este meu chão. Vibro ao ouvir meu Hino e jamais usei a Bandeira para enxugar meu suor ou enrolar meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade. Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, Povo brasileiro!”


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