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Poesia – joia para alegrar a vida

Fui aos livros e selecionei quatro joias do pensamento humano e brasilieiro. Falam de infância, saudade, nostalgia e despedida.


Ulisses Laurindo – jornalista 
Articulista

Emoções e tristeza são componentes que fazem parte da vida de cada um, restando para nós a sorte de contemplados em grau elevado nas alegrias e infinitamente menor… As duas vertentes estiveram em ação nos episódios do impeachment que para a maioria representa alegria e para poucos, tristeza. Como vivo mais procurando as alegrias da vida, pensei e publico hoje, para alegrar muita gente, pequenos pensamentos poéticos para, por momento, trazer felicidade. Fui aos livros e selecionei quatro joias do pensamento humano e brasilieiro. Falam de infância, saudade, nostalgia e despedida. Todos conhecem Casimiro de Abreu, Vicente de Carvalho, Gonçalves Dias e Vinicius de Morais. Acompanhem e se sintam felizes:

Meus oito anos – Casimiro de Abreu
Oh que saudade que eu tenho da
Aurora da vida.
Da minha infância querida que os anos não trazem mais
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais.
Oh dias de minha infância
Oh meu céu de primavera
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã
Em vez da mágoa de agora
Eu tinha nessas delícias de minha vida as carícias e beijos da minha irmã.

Cancão do Exílio – Gonçalves Dias
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá
Nosso céu tem mais estrelas
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques tem mais vida
Nossa vida mais amores.

Felicidade – Vicente de Carvalho
Só a leve esperança em toda vida
Disfarça a pena de viver, mais nada
Nem é mais existência resumida
Que uma grande esperança malograda.
O eterno sonho da alma desterrada
Sonho que a traz ansiosa e embevecida
É uma hora feliz sempre adiada
E que não chega nunca em toda vida
Essa felicidade que supomos
Árvore milagrosa que sonhamos
Toda areada… de dourados pomos
Existe sim, mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos.

Candinho – Vinicius de Morais, no enterro de Portinari
Lá vai Candinho para onde ele vai
Vai pra Brodóvski buscar seu pai
Lá vai Candinho – para onde ele foi
Foi para Brodóvski buscar seu pai
Se vir Ovalle, se vir Zé Lins,
Fale Candinhho que estou feliz
Ouviu Candinho
Diabo de homem mais surdo

Carolina – Machado de Assis
Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansa dessa longa vida
Aqui venho e virei pobre querida
Trazer-te o coração de companheiro
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro,
que, a despeito de toda humana lida
Fez nossa existência apetecida
E num canto pôs o mundo inteiro
Que tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados
São pensamentos idos e vividos.


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