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Diretas já é utopia

Ao contrário do que ocorre no Brasil, nos Estados Unidos não existe Justiça Eleitoral nem voto obrigatório. A eleição do Presidente da República é precedida de uma prévia eleitoral para eleger um determinado número de delegados que o candidato precisa alcançar para poder se apresentar à convenção partidária e concorrer ao pleito final.


Se alguém está imaginando que mudando o calendário eleitoral virá resolver a crise política em nosso país seria bom que se inteirasse de fatos que aconteceram no passado e chegaria à conclusão de que a culpa pelos desacertos que se repetem, causando o desequilíbrio político, econômico e social, decorre de um presidencialismo que não deu certo para o Brasil. Alguém poderá perguntar: Por que está dando certo para os Estados Unidos? Para quem acompanha a evolução do Estado americano, hoje considerado a maior potência do mundo, poderá concluir que lá no Tio Sam o presidencialismo é exercido de forma diferente e respaldado em uma Constituição de poucos artigos, porém, rigidamente cumprida.

Ao contrário do que ocorre no Brasil, nos Estados Unidos não existe Justiça Eleitoral nem voto obrigatório. A eleição do Presidente da República é precedida de uma prévia eleitoral para eleger um determinado número de delegados que o candidato precisa alcançar para poder se apresentar à convenção partidária e concorrer ao pleito final. E mesmo após ser eleito pelo povo, ainda terá que passar por um colégio eleitoral. Os candidatos precisam ter ficha limpa, além de preencher outros quesitos. Para se ter uma ideia da seriedade com que é tratada a política americana, já houve um caso em que uma postulante ao cargo de vice presidente foi barrada porque tinha uma filha grávida e não legalmente casada. Rigidez também na eleição para o Parlamento. Os postulantes ao mandato de senador e deputado precisam comprovar competência e conhecimento pleno da política econômica e social do Estado, além de conduta ilibada.

No momento em que um grupo de senadores e deputados tenta mudar o calendário eleitoral, em nosso país, o mais correto seria priorizar uma reforma política com a adoção do parlamentarismo, extinção do voto obrigatório, exigência de preparo para o exercício do mandato, o fim das coligações, instituir o voto listado, a cláusula de barreiras, sem afastar a possibilidade de extinção da Justiça Eleitoral que, para a maioria dos países, é coisa do passado.

Entende-se, pois, que faltando dois anos para as eleições gerais, esse espaço de tempo deveria ser usado para introduzir uma reformulação geral envolvendo a política partidária e os três poderes da República. Insistir na ideia de eleições gerais e diretas já, não passa de utopia, que não contará com o apoio, tanto da Câmara, quanto do Senado.

Aconteceu no Amapá – Nos idos de 1950, o prefeito Rocque Pennafort, do municipio de Oiapoque, foi destacado como o homem dos sete instrumentos em reportagem da revista O CRUZEIRO, assinada pelo jornalista Indalécio Wanderley. De fato, além de prefeito, Rocque exercia atividades como telegrafista, motorista de patrol e caçamba, usina elétrica, dentista, dirigente da LBA, presidente do Clube das Mães, presidente da Liga de Esporte e, como se não bastasse, atuava como meio campista do time de futebol local.


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