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Delírios filosóficos

Esta conclusão, entre tantas, busca apontar-nos o caminho da construção filosófica trilhado por Santo Agostinho objetivando a prática do seu construto teórico do filosofar na fé, ao que posteriormente se denominaria Filosofia Cristã.


Cléverson Baía
Articulista

A VERDADE E A ILUMINAÇÃO: O mal e seu estatuto ontológico
“Ter a alma pura é condição necessária para enxergar a verdade, bem como para usufruí-la”.

Esta conclusão, entre tantas, busca apontar-nos o caminho da construção filosófica trilhado por Santo Agostinho objetivando a prática do seu construto teórico do filosofar na fé, ao que posteriormente se denominaria Filosofia Cristã.

O processo de iluminação – afirmara ele –, ao contrário do conceito grego de reminiscência, se daria no momento em que a luz divina do conhecimento, emanada da verdade absoluta, que é o próprio Deus, ao dissipar a escuridão da ignorância possibilitasse ao homem em sua busca por virtude e salvação, conhecer a verdade que o libertaria.

Santo Agostinho encontrou em sua teorização um Deus para fruição plena, para alento da alma, para amar e por ele ser amado, mas, sobretudo, para remissão de pecados por intermédio da graça divinal por Ele ofertada.

Porém, por que precisaríamos de tal graça divina que nos leva à remissão do mal do pecado, se somos seres da semelhança do bem supremo – Deus – e, portanto, como partes desse bem, livres da existência do mal em nós?

Ora, Agostinho influenciado por Plotino, refuta a ideia de essência e de criação do mal, tampouco elabora tratado ou estatuto ontológico sobre o mesmo.

No entanto, de maneira inteligente aponta para situações em que a existência do mal dar-se-ia resultante da escolha humana por bens inferiores em detrimento aos chamados bens superiores ou ainda, como fenômenos que se difereciam do chamado mal moral. Esses, não se dariam por ação direta do homem, mas serviriam a um propósito maior, conquanto o resultado geral fosse sempre o bem.

Destarte, em Agostinho o mal não é senão resultado da ação humana de afastamento da hierarquização divina da verdade e do bem, através do uso errôneo do livre arbítrio, uma das maiores graças deíficas a nós outorgada.


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