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Delírios filosóficos – O idealismo hegeliano

Partindo do pensamento kantiano nos tratados sobre a Razão, no qual a consciência interfere na construção da realidade, propõe então uma filosofia do devir, do ser como processo, como movimento, como vir a ser.


Cléverson Baía
Articulista

O filósofo alemão Wilhelm Hegel (1770-1831) expõe em sua brilhante e densa construção filosófica, sobretudo na obra Fenomenologia do Espírito, um tratado que por convenção denominamos de idealismo hegeliano, em que apresenta categoricamente o princípio de ideia absoluta, onde a “razão” é histórica e, portanto, a verdade como resultante da ratio só é possível de ser construída no tempo.

Partindo do pensamento kantiano nos tratados sobre a Razão, no qual a consciência interfere na construção da realidade, propõe então uma filosofia do devir, do ser como processo, como movimento, como vir a ser.

Ao lançar mão do princípio da contradição (tese, antítese e síntese), estabelece o movimento conjunto do pensamento e do real, o que convencionamos chamar de dialética idealista hegeliana, desenvolvida para explicar o movimento gerador da realidade num processo de autodesenvolvimento dialético, de autoconhecimento. Na esteira da construção deste pensamento afirmara: “A história universal nada mais é do que a manifestação da razão’(…) O real é racional e o racional é real”.

Na realidade concreta do mundo histórico é obrigatório falar de um antes e de um depois, de um devir, ou seja, de uma “construção” que se dá com e no tempo. Assim, o tempo seria via de acesso à verdade, bastando para tanto a consciência de tal premissa, pois o tempo como ideia de bem é uma atividade do espírito que é vivo.

Nesse movimento o espírito objetivo opõe-se ao subjetivo possibilitando através desta relação antitética o surgimento do espírito absoluto, como espírito de mundo, compreendendo-se como parte e responsável desse todo, como realizador e parte realizada desse trabalho.

Para Hegel a mais alta manifestação desse espírito é a filosofia, o “pássaro de Minerva que chega ao anoitecer”. Uma alusão categórica que objetiva estabelecer à crítica filosófica realizada ao final do trabalho, a conditio sine qua non para que o espírito atinja a absoluta consciência de si, alcançando a verdade definitiva, final e absoluta.


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