Nilson Montoril

Revendo Mazaganópolis


Há quase três anos eu não ia a Mazagão. Havia dito que apenas uma razão muito forte me faria enfrentar a problemática e demorada travessia do rio Matapi. Nem as festas de devoção que são realizadas em Mazagão Velho eu fui prestigiar. Tinha decidido que só voltaria à cidade onde fui gerado e vivi meus primeiros cinco anos de vida após a conclusão das obras da ponte que separa as terras de Santana e Mazagão. Porem, dia 25.11. 2015, a razão forte se evidenciou, correspondendo a uma solenidade elaborada pelo Cram/Mzg. O convite para retornar ao pago que considero meu torrão natal partiu do amigo César Bernardo de Souza, que mantém permanente vigilância e precaução contra uma neoplasia em seu intestino e está engajado nos trabalhos coordenados pelo Instituto Joel Magalhães (Ijoma).

O professor Antonio Munhoz Lopes também fez parte do trio aventureiro. A despeito do fortíssimo calor, haja vista que o ar condicionado do carro do César está sem refrigerar, enfrentamos um trânsito morrinha por dentro de Santana (antiga Vila Maia) até alcançar a margem esquerda do Rio Matapi. Do outro lado do caudal havia uma viatura nos esperando, devidamente climatizada. Embarcamos na balsa do governo, que parecia uma lata de sardinhas devido ao aglomerado de carros, motos, bicicletas, gente e cachorros. Se dependesse de usar meu carro eu não teria ido. No decorrer da travessia pude contemplar a bela ponte que se estende sobre o rio e ficar aporrinhado com a insensatez dos projetistas. Se a cabeceira do lado de Santana tivesse sido direcionada para repousar sobre o asfalto da rodovia, ela já estaria pronta. Entretanto, por razões dúbias, uma guinada à direita direcionou-a para uma área de preservação ambiental. Dizem que nada foi feito por acaso. Teria havido a intenção de desapropriar uma área pertencente a um cidadão identificado com os governantes anteriores a Waldez. O Professor Munhoz também ficou indignado. Concluída a travessia do Rio Matapi apanhamos a viatura que nos esperava e rumamos para Mazagão. Novo desencanto quando via a fumaceira gerada pela queima da vegetação localizada nos dois lados da rodovia. Sinais evidentes de invasão são vistos, mas nada consta em relação à ação proibitória da SEMA e do IBAMA. Transpomos o Rio Maracapucu (chocalho comprido em tupy), que o povo teima em chamar de Anauerapucu.

A povoação ali estabelecida deve ser identificada como Maracapucu, visto que a escola local é que tem a designação de Anauerapucu. Somente depois de trafegarmos pela ponte Miguel Pinheiro Borges, estendida sobre o Rio Anauerapucu (anauera comprido) é que comecei a perceber algumas melhorias em termos de residenciais no trecho antes do Furo do Beija-Flor, onde existe uma ponte de concreto, a primeira do trecho, construída no governo de Aníbal Barcellos á frente do Território Federal do Amapá. Depois de três anos de ausência, notei que a cidade de Mazagão já não é aquele burgo relegado de outros tempos. Em breve, várias de suas ruas receberão revestimento asfáltico e a rodovia que a liga a Mazagão Velho está sendo pavimentada.

Quando a ponte do Rio Matapi for aberta ao público, quem se destina a Laranjal e Vitória do Jarí vai poder empreender a viagem passando por Mazagão, abreviando o percurso em mais de 100 quilômetros. Minha ida a Mazagão teve a ver com uma importante solenidade elaborada pelo Centro de Referência e Atendimento à Mulher – Cram/Mazagão, em parceria com o Ijoma. Fomos cordialmente recepcionados pela Psicóloga Gabriela Picanço, que desenvolve suas atividades profissionais na citada instituição, inaugurada no dia 18 de julho de 2013. O surgimento do CRAM veio em decorrência de um convênio firmado entre a Secretaria de Justiça e Segurança Publica/SEJUSP e a Secretaria de Políticas Para Mulheres, da Presidência da República. A patrona do CRAM é Francisca Jucilene da Silva do Nascimento, que foi morta por seu ex-companheiro no dia 9.5.2013, aos 27 anos de idade., na cidade de Mazagão. O auditório do Fórum de Mazagão ficou lotado, contando com a presença de estudantes, comunitários, políticos. Uma exposição de slides mostrou detalhes sobre o câncer de próstata e os cuidados que os homens precisam ter caso a doença os atinja.