Nilson Montoril

Proclamação da República do Brasil


As ideias republicanas existiam no Brasil desde o tempo em que ele era colônia de Portugal, despontando a Inconfidência Mineira como o primeiro movimento neste sentido. Durante o regime imperial, elas ganharam mais adeptos e eram pregadas abertamente. Em novembro de 1870, no Rio de Janeiro, um grupo de idealistas fundou o 1º Clube Republicano. A 3/12 do citado ano, eles lançaram o “Manifesto Republicano”, publicado no jornal “A República”. Antes desse feito, os estudantes do Rio de Janeiro fizeram circular um jornalzinho denominado “O Radical Acadêmico”, impresso em 9/6/1870.

Entre os feitores do periódico estava o médico, jornalista e político Lopes Trovão, ativo propagandista das idéias republicanas. Ainda no ano em epígrafe, em São Paulo, surgia outro Clube Republicano, cuja liderança mais expressiva era Manuel Ferraz de Campos Sales, que viria a ser o 4º Presidente da República, período de 1898 a 1902. Em 1873, os republicanos reuniram-se na famosa Convenção Republicana de Itu, no interior de São Paulo, na casa do então Deputado Prudente de Moraes. Na condição de parlamentar, ele representou as classes liberais e os conservadores. Compareceram 133 convencionais, 78 cafeicultores e 55 profissionais de diversas áreas.

As ações desenvolvidas pelos republicanos não tinham nada de pessoal em relação ao Imperador D. Pedro II, que era bastante estimado. Porém, uma série de fatores mostrava que o regime monárquico estava decadente e inadequado para um país como o Brasil. Desde 1865, quando teve inicio a Guerra do Paraguai, o animo dos oficiais militares foi influenciado pela propaganda que visava dar fim à monarquia.

Em 1874, os Bispos D. Macedo Costa (Pará) e Frei Vital Oliveira (Bahia), estribados em bula concebida pelo Papa Pio IX, eliminou das Confrarias Religiosas quem fosse maçom e declarava-os excomungados. Ocorre que as ordenações papais não eram aprovadas pelo governo, pois feriam a Constituição do Império. Em função disso, os Bispos foram condenados a 4 anos de prisão e trabalhos forçados.Á época, o catolicismo era a religião oficial do Brasil e o Imperador tinha posição relevante na Igreja.D. Vital e D. Macedo Costa cometeram crime de responsabilidade civil por desrespeitarem a Carta Magna.Isso levou os católicos a aceitar as idéias republicanas. Nos cursos jurídicos de São Paulo e Olinda os ataques que o poeta Castro Alves fazia contra a escravidão e à monarquia motivaram os alunos a aderirem à campanha republicana. A Questão Militar, gerada pelos incidentes entre militares e Ministros causou danos irreversíveis.

Os Ministros proibiram que os militares discutissem assuntos de Exército e da Marinha através da Imprensa. Por ter descumprido a ordem, o tenente-coronel Antonio de Sena Madureira foi punido, Ele havia concedido entrevista ao jornal “A Federação”. Os protestos evoluíram nos quartéis. Em Porto Alegre, o Marechal Deodoro da Fonseca, que tinha enorme liderança no país, promoveu uma reunião onde os militares protestaram contra a liberdade de expressão. Foi chamado ao Rio de Janeiro com urgência para conversa com D. Pedro II. Sua punição era tida como certa, mas a aclamação que seus colegas de farda lhe proporcionaram levou o Imperador a anular a punição aplicada a Sena Madureira. Outra causa importante foi a abolição da escravatura. A medida gerou profunda transformação econômica. Libertos, os negros deixaram as fazendas de café, gado, cana-de-açúcar e outras atividades produtivas, ocasionando a escassez de mão-de-obra e a falência de muitos produtores, que se revoltaram com o Imperador.

Dia 14.11.1889, o major Sólon Ribeiro espalhou o boato que o Ministério do Visconde de Ouro Preto tinha decretado a prisão de Deodoro da Fonseca. O marechal estava enfermo em sua residência, mas, mesmo assim foi, no dia 15, levado a juntar-se a outros lideres republicano e aos militares em Campo de Santana. Deodoro comandou a tropa até o Quartel General e destituiu ouro Preto do cargo de 1º Ministro. Este mandou que o marechal Floriano Peixoto enfrentasse os republicanos. Além de recusar-se a cumprir a ordem, Floriano Peixoto juntou-se aos revoltosos. Estava proclamada a República.