Nota 10

Cantando Marabaixo reúne o melhor da música negra com apoio da Prefeitura de Macapá

A afirmação da identidade e a marcação da diferença nas vinte e seis composições apresentadas tiveram um ponto em comum: a noção de herança, de patrimônio e o dever de proteger essa história para o futuro.


O quintal de Tia Chiquinha foi pequeno para o entoar das caixas de Marabaixo e pôde ser ouvido pelos filhos do Curiaú e pelos ancestrais africanos e afroamapaenses, reverenciados durante o 1° Festival Cantando Marabaixo, promovido pelo Movimento Nação Marabaixeira, em parceria com a Prefeitura de Macapá. As eliminatórias, que aconteceram no fim de semana, revelaram novos talentos e consagraram vozes conhecidas, mas, acima de tudo, reafirmaram o papel da difusão da cultura na compreensão da identidade de um povo.

A afirmação da identidade e a marcação da diferença nas vinte e seis composições apresentadas tiveram um ponto em comum: a noção de herança, de patrimônio e o dever de proteger essa história para o futuro. O encontro de gerações ligadas por uma paixão também foi destaque. O músico Roberto Castro, regente da banda da Escola Tiradentes, fez sua estreia no ritmo negro contando a história de amor entre um branco e uma negra. Aos 17 anos, Danrley Cardoso também participou com uma composição que encantou o público presente. Aluno da Escola Estadual Antonio Cordeiro Pontes, reuniu-se com colegas de turma para interpretar seu ladrão de Marabaixo.

Selecionar as melhores, entre tantos talentos, nunca foi tarefa fácil, que o diga o experiente professor de música José Maria Cruz, da Escola Walquíria Lima. “Apesar de ter experiência como jurado no carnaval e outros festivais, sempre será uma grande responsabilidade. A música não deve sair da linha do Marabaixo, mas pode colocar elementos novos como uma guitarra, por exemplo, sem que ela perca a nuance”.

Movimento Nação Marabaixeira
É formado por um grupo de pessoas de diversos segmentos com o objetivo de fazer ações que deem visibilidade maior e valorizem a presença do negro e sua cultura dentro da sociedade. Um dos membros, o cantor e compositor Carlos Piru, ressaltou a importância do Instituto Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Improir) como força ativa nesse movimento. “O Instituto é o órgão oficial do Município que trata da igualdade racial. Temos então uma parceria perfeita entre nós, da sociedade civil e o poder público, porque, afinal de contas, temos o mesmo objetivo, que é a valorização do povo negro no estado e fora dele”.

Para o presidente do Improir, Maykom Magalhães, a parceria deu certo e o festival cumpriu com sua proposta. “Isso aqui é mais uma iniciativa dentro do movimento para manter viva nossa cultura, é um evento espetacular, de uma essência ímpar. Daqui sairão novos ladrões de Marabaixo e a sensibilidade da gestão para com os movimentos é importante porque ajuda a transmitir para as novas gerações o quanto é fundamental preservar nossa arte, já que a tendência é que essas tradições se percam ao longo do tempo. Este é o começo de uma grande iniciativa para manter a nossa cultura”.

Foram selecionadas 12 composições que disputarão a final, marcada para o dia 17 de dezembro, que premiará em dinheiro as três primeiras colocadas. Todas as músicas participantes do 1° Festival Cantando Marabaixo farão parte de um CD a ser lançado ano que vem.


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