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O infeliz PIB de 3,6%

Na sequência conturbada do delito veio Fernando Collor, retirado do barco e substituído por Itamar Franco, homem simples e de caráter limpo.


Ulisses Laurindo – Jornalista
Articulista

A história social e política do Brasil oferece aos sociológicos vasto acervo para avaliar as contradições em um segmento intocável em favor do progresso do país. O vácuo de 3,6% do PIB negativo em 2016, o mais grave da história, reflete os remendos mal feitos no destino do país, terra privilegiada pelos deuses. Nos últimos 50 anos, as ações políticas desaceleraram para orientar os rumos nacionais como se fosse um aprendizado que não se pode fazer. Jânio Quadros, que apareceu como salvador, foi obrigado a descer do barco em apenas sete meses, jogado n’água por forças ocultas por ele mesmo identificadas.

Na sequência conturbada do delito veio Fernando Collor, retirado do barco e substituído por Itamar Franco, homem simples e de caráter limpo. Construindo o período de seu governo, criou o Plano Real, moeda que apagou a inflação galopante de mais de dos dígitos ao mês. Fernando Henrique, sociólogo, conduziu bem a herança benigna, colocando o trem novamente nos trilhos. Era a sensação de que o bom destino voltava.

Mas nem tudo é perfeito. Veio o Lula com seu ambicioso e despreparado PT, e durante oito anos, com mais quatro de Dilma, deixou de colocar carvão na locomotiva. O comboio parou meio em plena ferrovia. A política desastrada seguida pelo Partido dos Trabalhadores começou a arruinar o país com a política de esconder os valores reais da economia, escondendo também a gravidade que hoje desemboca depois de uma política assistencialista sem contrapartida aos valores, iniciando o principio do caos.

O populismo do PT precipitou o grau de insolvência percebido a partir de 2011. O país se propôs a promover os Jogos Pan-Americanos, Jogos Olímpicos e Copa do Mundo de Futebol sem antes avaliar se havia poupança interna para arcar com os custos dos eventos, de acordo com o padrão do COI e da Fifa. A partir daí a corda se partiu e a torneira foi aberta para a corrupção transformada na deslavada propina, resultado das construções de praças esportivas faraônicas, longe da disponibilidade da renda nacional, fora do alcance e interesse de empreiteiras que, com conivência dos autores da concessão, deixou o país enfraquecido, sem recursos para atender as necessidades do povo traído e sem forças para dizer não.

Os 3,6% da retração do PIB não são nada mais do que a traição de quem teria que conduzir o barco a portos seguros, preocupando-se com seus interesses em detrimento do bem-estar do país. O desgosto do povo é evidente, tendo que aceitar reformas com medo da negação de seus direitos, lamentando que o timão da nave brasileira tivesse sido conduzido por gente honesta. Agora o temor das reformas crueis, mas necessárias para corrigir desvios incompreensíveis, como 13 milhões de desempregados e um vácuo negativo do PIB nunca visto na história do país. Apelar pra quem, agora, senão para aceitar as dificuldades impostas e não avaliadas, projetando o Brasil no labirinto do atraso e com uma classe política repetindo anos após anos os mesmos modelos diante de um povo pacífico e com vergonha dos responsáveis pelo desperdício.


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