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Tite, a bola da vez

O otimismo é válido, mas requer, porém, reparos em decorrência de ser o tema com diversas opiniões divergentes e, para os quais, se exige mais do que a expressa vontade de vencer.


Ulisses Laurindo – Jornalista
Articulista

Uma forte onda corrente revelando por um lado puro sentimento de amor aos assuntos nacionais, e por outro, vinculada ao desejo de blindar o peito orgulhosamente, de voltar a ser o melhor no futebol do mundo, atividade que mistura jovens e velhos, homens e mulheres. É manifestação dos apaixonados torcedores entoando a todo pulmão o cântico de que a seleção brasileira de futebol é potencialmente a favorita para ganhar a Copa da Rússia, em 2018, e não se fala mais em hexa que já é ssunto do passado, considerando as virtudes do time de Tite.

O otimismo é válido, mas requer, porém, reparos em decorrência de ser o tema com diversas opiniões divergentes e, para os quais, se exige mais do que a expressa vontade de vencer. A trajetória de Tite na seleção com nove vitórias consecutivas é plataforma invejável, exigindo análise de como se chegou a esse resultado.

O treinador Tite, o medalhão nacional atingiu o ambicionado cetro por todos da sua profissão. De todos os méritos atribuídos ao treinador, em um ele mostrou capacidade de disciplinar e unir os jogadores em torno de um ideal comum. Deve-se, então, concluir, que Tite possui capacidade de liderança, justificando o sucesso dos resultados obtidos.

Mas quanto à produção do time em campo e suas vitórias seguidas suscitam outro tipo de análise, essa mais vinculada à sua participação pessoal no aspecto dinâmico das partidas.

Desde a primeira vitória contra o Equador, em janeiro de 2016, que a seleção brasileira atua praticamente com escalação única, pouca variação das peças em campo, obedecendo ao sistema de jogo ditado pelo treinador. Ao longo de todo o período as sucessivas escalações da seleção pouco variaram, o que deu ao conjunto bom entendimento com mérito pra superar os adversários, aliada à qualidade do jogador brasileiro, considerado o mais capaz do mundo na improvisação.

O modelo do futebol moderno deixou para trás os longos períodos de treinamentos das seleções, visando as grandes competições, sendo, por isso, mais vantagem para os que possuem jogadores individualistas com flagrante vantagem sobre aqueles de cintura dura. Para a Copa da Rússia Tite terá pela frente desafio maior. Terá que treinar mais a equipe e, diferente do modelo atual, necessita fazer opção para escalar o melhor, porque os duelos exigirão mais atenção.

Em copas, a preparação é mais efetiva porque concorrem adversários preparados para ganhar. Até agora Tite mostrou seu lado positivo, o de colocar todos os seus comandados a rezar sobre o catecismo. É cedo para lembrar Luxemburgo, Falcão, Mano, Felipão, Dunga, todos que um dia mereceram o título de heróis e hoje são apenas lembranças.

Nos jogos da Rússia Tite terá um desafio que não pertence só a ele, mas, de resto, a todo o país que aprendeu a confiar nele. Claro que seu pouco tempo na seleção e, também, no Corinthians, atestam sua capacidade de disciplinador. Agora a fase não é mais experimental, e o conhecimento é vital. A onda que promete inundar o país com a possibilidade do hexa deve encorajar o treinador, pois ele sabe muito bem que futebol, sendo paixão nacional, quando suscitado chega à raia do delírio.


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