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A História que precisa ser contada (I)

Quando eclodiu o golpe de 1964, governava o Amapá o coronel Terencio Furtado de Mendonça Porto, por indicação do deputado Janary Gentil Nunes.


Ruy Guarany – Jornalista
Articulista

Existem algumas controvérsias sobre o que aconteceu no Amapá durante a ditadura militar, que de certo modo não condizem com a verdadeira realidade dos fatos. Como testemunha ocular daquele momento sombrio e eivado de incertezas, achei por bem ocupar o espaço para dar a minha contribuição à História.

Quando eclodiu o golpe de 1964, governava o Amapá o coronel Terencio Furtado de Mendonça Porto, por indicação do deputado Janary Gentil Nunes. O grupo opositor ao deputado entrou em ação com o objetivo de forçar a saída de Terencio Porto. Criticado pelo jornal A Voz Católica, o governador determinou ao comandante da Guarda Territorial, tenente do exército Uadi Charone, para que prendesse os dirigentes do jornal. Ao se recusar a cumprir a ordem, foi exonerado. Contando com o total apoio dos comandados, Charone rebelou-se contra o governador, ocupando o palácio do governo. Como primeira providência, exerceu o controle da central telegráfica do governo, Radional, estações de rádio das empresas aéreas do Loyde Aéreo e Cruzeiro do Sul, impedindo o acesso do governador e auxiliares do governo. Recolhido à residência oficial e contando apenas com o apoio de amigos, alguns, armados, Terencio Porto enviou um pedido de socorro ao Comando da 8 ª Região Militar, em Belém, utilizando o avião de propriedade do governo. Atendido o pedido, foi deslocado para Macapá um aparato militar sob o comando do capitão paraquedista Moacyr Fontenelli. Ao se dirigir ao comando da Guarda Territorial, foi recebido sem qualquer resistência. O movimento insurreto acabou sem que houvesse prisões. O “levante” perpetrado pela Guarda Territorial apressou a saída do governador.

Em meados de abril assumia o governo do território, o general Luiz Mendes da Silva, que trouxe como secretário geral o civil Roberto Rocha Souza. A seu pedido, o Comando da 8ª RM autorizou a permanência no Amapá, do capitão Moacyr Fontenelli, que foi nomeado diretor da Divisão de Segurança e Guarda. Para o Comando da Guarda Territorial foi nomeado o major aviador Wallington Mascarenhas.

Luiz Mendes da Silva foi o principal protagonista do levante de Aragarças, durante o governo Juscelino Kubitschek. Ainda coronel, integrou a Força Expedicionária Brasileira, que lutou na Segunda Guerra Mundial, assumindo posição de destaque na tomada de Montese, Itália.


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