Cidades

Assentamento deverá se tornar modelo em projeto de piscicultura

Produção é de 18 toneladas por ano, mas pode dobrar com ajuda do poder público.


Localizada a 300 quilômetros de Macapá, a Chácara Viva Brasil, no assentamento Nova Vida, no município de Tartarugalzinho, pode se transformar no modelo amapaense de uma das atividades rurais e econômicas que mais tem crescido no estado nos últimos dois anos, a piscicultura.

A propriedade foi visitada nesta sexta-feira, 19, por gestores estaduais dos setores produtivo, econômico, meio ambiente, ordenamento territorial, ciência e tecnologia, e de fomento, além de representantes de instituições financeiras e órgãos federais ligados ao segmento. A visita técnica foi articulada pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural (SDR).

Atualmente, o lugar concentra a maior produção de peixes em cativeiro do Amapá: 18 toneladas por ano, que abastecem os mercados de Tartarugalzinho e dos municípios vizinhos Ferreira Gomes e Porto Grande, e a capital Macapá, quando é feita uma encomenda. Dos 17 tanques saem Tambaquis – espécie preferida entre os piscicultores amapaenses –, Matrinchãs, Curimatãs, Piauçu e, agora, a mais recente aposta: o Pirarucu, espécie escolhida com interesse nos mercados internacionais.

Contar a história da Chácara Viva Brasil é contar a história do produtor rural Edio Pereira, que começou as atividades no campo com fretes para escoamento da produção agrícola da região até a capital, Macapá. Logo ele percebeu que o setor produtivo era sua praia, ou melhor, o seu campo. Com economias dos fretes, Pereira conseguiu comprar o pedaço de terra, que em dois anos, viraria a Chácara Viva Brasil.

No início, os negócios com a pecuária não deram muito resultado. “Criação de gado é uma atividade que requer muita área limpa e, em assentamento, não se pode desmatar muito”, relembra o produtor. Mas Edio queria ser dono de seu próprio negócio. Não desistiu. Então percebeu que precisava de uma atividade que ocupasse menos espaço. “Eu pensei: ‘já que não pode arrumar espaço para os lados, a gente pode arrumar pra baixo. Cavando, a gente consegue’. E aí que surgiu a ideia dos tanques para criação de peixes”, conta.

Além de muito estudo sobre o segmento, o que o impulsionou o início da criação de peixes na chácara foi o que hoje Edio considera a peça fundamental para ele elevar a produção a nível de exportação, mas que não tem mais acesso: as linhas de crédito. “No início, consegui dois financiamentos no Basa [Banco da Amazônia] que deram um empurrão. Mas, agora, para produzir em alta escala, é preciso um investimento maior, que eu não consigo ter acesso por causa da documentação do terreno”, lamenta.

O entrave enfrentado por Edio é o mesmo de centenas de outros produtores rurais do Amapá, explica o secretário de Estado do Desenvolvimento Rural, Hélio Dantas. Segundo ele, enquanto a questão fundiária não é efetivamente solucionada no Amapá, a saída para produtores é buscar suporte financeiro disponíveis no Estado, como o Fundo de Desenvolvimento Rural do Amapá (Frap) e linhas de financiamento na Agência de Fomento do Amapá. Além disso, trabalhar em conjunto com os Institutos de Meio Ambiente e Ordenamento Territorial do Amapá (Imap) e de Colonização e Reforma Agrária (Incra), para acelerar a regularização fundiária dessas propriedades.


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