Nilson Montoril

Livro Mocotó


Há muito tempo, as pessoas que acompanham a divulgação que faço dos fatos marcantes da História do Amapá me cobram a publicação de um livro. Costumo esclarecer, que atualmente isso é bem complicado, principalmente para quem não é filiado a partidos políticos e não tem padrinhos com cargos eletivos, notadamente no âmbito do Executivo do estado do Amapá. Relembro a luta dos confrades Estácio Vidal Picanço, Hélio Pennafort, Fernando Rodrigues e outros ilustres historiadores, que penaram para ter suas obras impressas. As divulgações que faço através do rádio datam de 1967, como forma de fazer nossa gente conhecer a história da sua terra. Fiz um trabalho exaustivo de pesquisa para fundamentar bem os fatos que eu transmitia aos meus alunos de História. Participei de alguns programas de rádio com a sequência “Um Dia na História”.

Os apresentadores, tidos como amigos, cederam à pressão dos que não apreciam o assunto e me alijaram. Em julho de 2011, o deputado Moisés Souza, presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Amapá, demonstrou o desejo de relançar o livro de biografias “Personagens Ilustres do Amapá”, que fiz em parceria com Coaracy Sobreira Barbosa. Sua intenção era incluir novas biografias. Comentou o assunto com o jornalista Reginaldo Borges e este se lembrou de mim e sugeriu minha atuação na concepção da obra. Na manhã do dia 14 de julho, uma quinta-feira, fomos ao encontro do deputado Moisés Souza, encontrando-o no térreo do prédio destinado à ampliação da Casa de Leis. Naquele local estavam políticos e empresários conversando animadamente. Com a minha chegada o papo foi interrompido. Tratamos da elaboração do livro, havendo da minha parte a ponderação de que fosse feita uma obra relatando os aspectos mais importantes da História do Amapá. A ideia foi aceita. Para assegurar maior viabilidade ao trabalho, ficou acertado que eu seria nomeado assessor parlamentar da presidência, coisa sugerida pela maioria dos políticos presentes. Lembro o nome de todos eles, mas não os citarei, por enquanto. Assim foi feito.

O livro ficou pronto, a despeito de inúmeras dificuldades encontradas. Na sala adjacente ao Gabinete da Presidência não havia sequer um velho computador. Realizei todo o trabalho às minhas custas: usei meu acervo histórico, material de impressão, computador, energia elétrica e transporte Tentei falar com o presidente por diversas vezes. O pessoal do Gabinete dizia que ele estava viajando e sem tempo para me atender. Quando, por determinação da Justiça Estadual, Moisés Souza foi afastado do cargo de presidente, o vice presidente Júnior Favacho, que o substituiu, exonerou os assessores de Moisés Souza para nomear “gente do seu grupo”. Isso ocorreu no momento em que foi diagnosticado que eu tinha um linfoma (câncer) no estômago. Mesmo sentindo os efeitos da doença, fui à Assembleia tentar falar com o Júnior Favacho, mas ele me ignorou.

Esqueceu que seu advogado no tempo da campanha política era meu filho Nilson Júnior e que, por solicitação deste, nossa família lhe destinou votos. Deixei no Gabinete um escrito, cientificando ao Júnior Favacho que o livro estava pronto e que eu passava por tratamento de câncer. Nunca recebi resposta. Em 18/12/2012 fui à Assembleia, mas raríssimas pessoas estavam no prédio. Uma delas, o jornalista Cléber Barbosa, secretário de comunicação social. Falei com ele e expliquei minha situação. Entreguei-lhe uma pasta com cópia de todos os documentos exigidos para um suspeito recadastramento, não tendo sido feita a divulgação de qualquer edital neste sentido. O Cléber se comprometeu a encaminhar meus documentos ao órgão competente, coisa que nunca fez. Neste momento, estou cobrando-lhe publicamente a devolução da pasta. Fui exonerado sumariamente pelo senhor Júnior Favacho, que nunca demonstrou interesse na obra que escrevi. A postagem que ora publico não é um desabafo. Serve para mostrar aos que cobram de mim um livro sobre História do Amapá, que os políticos não prestigiam os que não vivem lhe fazendo a corte e os enaltecendo. Quero, porém, que o presidente da Assembléia Legislativa venha a público para dizer que o meu livro não lhe interessa.