Cidades

Erosão ameaça ‘engolir’ casas e prédios na zona leste de Macapá

Com destruição do muro de arrimo ao longo da orla dos bairros Perpétuo Socorro e Cidade Nova, casas e prédios estão ameaçados.


Moradores e comerciantes dos bairros Perpétuo Socorro e Cidade Nova, na zona leste da capital, estão temerosos com o avanço da erosão provocada pelo rio Amazonas sobre a faixa de terra ocorrida após a queda ou abertura de fendas em parte do muro de arrimo em uma grande extensão ao longo da orla.

Um dos trechos fica na avenida Beira Rio, próximo à Escola Estadual Maria Ivone de Menezes. “Vemos com grande apreensão esse avanço desenfreado do rio sobre a área de terra. Pior é que não vemos as autoridades tomarem qualquer medida para conter a erosão. Se nada for feito, logo esses prédios e casas que estão nessa área serão levados pelo rio Amazonas, a exemplo do que vem ocorrendo no Aturiá, no bairro Araxá”, disse o morador Antônio Bernardo dos Santos, de 52 anos, que já colocou a casa à venda.

O mirante localizado no complexo do Jandiá, também corre risco de desaparecer. “Estamos pedindo atenção para essa área há vários anos. Entra governo, sai governo e nada é feito. Esse complexo aqui já foi um dia um dos pontos turísticos mais freqüentados da cidade, mas hoje só vemos esse abandono. Os quiosques vinham servindo apenas para abrigar usuários de drogas e assaltantes. Felizmente alguns grupos estão se mobilizando para ocupar esses espaços, mas nossa preocupação é realmente com a erosão”, observou a professora Irene Quaresma, de 48 anos.

Destruição
A preocupação dos moradores dos bairros Perpétuo Socorro e Cidade Nova não é à toa. Exemplo disso é o que vem ocorrendo desde 2008 na orla do Aturiá, no bairro Araxá, onde centenas de casas já foram destruídas pelo avanço do rio sobre a faixa de terra.

Estudos
O desabamento de casas no bairro Aturiá pode ficar ainda mais preocupante nos próximos anos. Em 2015, pesquisadores do Instituto Estadual de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) constataram que a força da maré do rio Amazonas provoca a destruição de 0,4 centímetros de terra por mês, o que por ano pode chegar a 4,8 metros. O estudo monitorou por dois anos parte da orla habitada de Macapá, entre o Aturiá e o Canal do Jandiá, na Zona Leste da capital amapaense, onde ficam os bairros Perpétuo Socorro e Cidade Nova.

Os casos de desabamentos de imóveis no Aturiá acontecem desde 2008, quando o muro de arrimo que protegia a região foi destruído pela força do rio Amazonas. A Defesa Civil diz que a erosão causada no solo de sustentação das residências provoca o desabamento das casas.

Uma das causas apontadas no estudo do Iepa foi a invasão urbana no próprio rio Amazonas. As residências no bairro Aturiá, por exemplo, são resultado de construções irregulares ao longo da orla.

Há dois anos o doutor em geologia aquática do Iepa, Admilson Torres, disse que “O crescente e desordenado avanço da urbanização macapaense, além de causar impactos negativos na orla de Macapá, coloca em risco a população residente devido a dinâmica dos processos costeiros que atuam na modificação e evolução das feições de relevo”.

A pesquisa apontou cinco consequências com a erosão causada pelo rio Amazonas na orla de Macapá: o recuo do limite da margem da costa, perda de propriedades e bens públicos e privados ao longo da costa, perda do valor imobiliário de habitações, prejuízos nas atividades socioeconômicas da região costeira, e gastos astronômicos com a reconstrução da orla.

Enquanto isso, as autoridades não se manifestam sobre o assunto. A obra de construção do muro de arrimo do Aturiá está parada há meses. O governo chegou a falar em retomada dos trabalhos, mas até agora nada saiu do papel. Já no bairro Cidade Nova, onde a situação é totalmente crítica, nem ao menos um estudo dos impactos causados pela erosão foi realizado.


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