Política

Papaléo admite que pode se candidatar ao Senado em 2018

Atualmente sem partido, vice-governador diz que prioridade é a reeleição, mas diz que pressões de grupos políticos podem fazer com que ele retorne ao PSDB


O vice-governador Papaléo Paes (sem partido), revelou na manhã desta segunda-feira com exclusividade ao programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90.9), que se Waldez Góes (PDT) for candidato a reeleição, seu nome está à disposição do governador para concorrer como vice. Questionado se consta dos planos dele uma candidatura ao Senado, ele admitiu, afirmando que são muitas as pressões de grupos políticos condicionando apoio à reeleição de Waldez à indicação do vice, e se isso se concretizar, o caminho natural é concorrer ao Senado, seja pela base de apoio do Palácio do Setentrião ou por outro partido, que pode ser o PSDB, cujas conversações estão avançadas tanto a nível nacional como local.

“Não é querer fugir essa pergunta, mas em 2018, por exemplo, tentei a reeleição de maneira açodada, pois eu sabia das dificuldades que enfrentaria, porque salário de político não dá para montar estrutura forte, adequada; na realidade eu queria ser candidato a deputado federal, inclusive cheguei a falar com o presidente do PSDB na época, o deputado Jorge Amanajás, mas ele me desaconselhou, dizendo que eu seria um bom candidato a senador, que a direção nacional queria isso; na realidade ele já tinha candidato, que era o deputado Luiz Carlos; agora não tenho estrutura material para manter a estrutura básica para disputar uma eleição, porque quem conhece sabe que é muito difícil encarar uma disputa proporcional sem estrutura; mas para uma eleição majoritária eu saio de qualquer maneira, porque é mais fácil, por exemplo, você conseguir 20 mil votos para senador do que 4 mil votos para deputado federal, que é uma eleição mais complicada; por isso estamos analisando bem o quadro político; sei que o governador Waldez está sendo muito pressionado, que há olhos muito grandes nessa vice governadoria, mas o meu nome está a disposição dele; eu sempre jogo de maneira clara e absoluta; exerço função de vice constitucionalmente, sou substituo eventual dele, tenho um respeito muito grande por ele e pelo secretariado; nos damos muito bem, mas politica você sabe, muitas vezes acaba atropelando tudo”, analisou.

Sobre os nomes que surgem como candidatos a vice-governador, como o da deputada estadual Luciana Gurgel, Papaléo garantiu que ele não será obstáculo a uma eventual composição de forças para viabilizar a reeleição de Waldez: “Olha, ela (Luciana) seria uma boa candidata; todas as pessoas que se propõem (a concorrer como vice) certamente se acham em condições de compor a chapa, mas isso tem que ser pensado pelo grupo sob a liderança dele (Waldez); torço para que a decisão seja bom para o estado, eu torço até que seja melhor para o Waldez e para o estado do que para mim; na minha cabeça, mandato político é missão, e eu não vou mudar esse pensamento”.


Convite para o PSDB

Sem partido após deixar o PP Papaléo confirmou que recebeu convite da direção nacional para retornar ao PSDB, pelo qual cumpriu mandato de senador 01 de fevereiro de 2003 a 31 de janeiro de 2011, mas disse que só vai optar por um partido após a definição do quadro político para 2018; de acordo com ele, eventual saída do grupo político liderado por Waldez Góes só vai ocorrer caso não haja espaço para ele concorrer à reeleição (vice-governador) ou ao Senado:

– Confirmo que recebi convite para voltar ao PSDB; mantenho um bom relacionamento e contatos permanentes com a grande cúpula do partido, mas meu retorno depende da conjuntura politica do Amapá; eu deixei o PSDB justamente por não ser prestigiado, assim como aconteceu quando eu deixei o PP, porque eu sempre sigo o conselho da minha mãe, isto é, ‘os incomodados que se mudem’; quando eu me sinto incomodado eu prefiro sair; os partidos perderam apego a regras, doutrinas, mas quero deixar claro que não tem nada a ver com o deputado André Abdon, porque gosto dele, eu tenho bom relacionamento com ele, mas tive problemas na entrada dele no PP, como integrante do grupo do deputado Vinícius (Gurgel, do PR); o problema, entretanto, não era com o Vinícius, mas sim com o irmão dele – revelou.

Papaléo detalhou a saída dele do PSDB: “Sem querer fazer polêmica; na época eu estava sem mandato e ouvi – e depois tive certeza – que o partido do qual eu era presidente todos os membros seriam substituídos e que iriam expulsar todas as suas lideranças; quando eu tive a certeza disso procurei evitar o inconveniente de ser expulso e saí do partido; a questão é que a nível nacional o mandato é muito valorizado, quem tem função eletiva é muito valorizado; na época eu estava sem mandato no PSDB, e eu realmente falhei porque não tive uma conversa com o Tasso Jereissati (presidente nacional); eu comecei a sentir que a situação ficou difícil quando teve a recondução do diretório regional e não fui incluído nem como membro; eu fui convidado para ser presidente de honra, uma função simbólica, mas recusei e agradeci, argumentando que eu já tive essa honraria muitas vezes concedida; e naquela época não era homenagem, mas sim, agouro. Como o nome do deputado Luiz Carlos, desculpe, falo no nome, o que não faz o meu estilo, na época estava sendo articulado para ser vice, eu resolvi por isso também sair; a direção nacional sempre me deu aval e não há e nunca houve nenhum desentendimento pessoal; quem vai pra linha de frente anunciar decisões é o presidente, apenas cumpri minha missão”.


Candidatura

Perguntado se o caminho político natural dele é filiar-se ao PSDB, Papaléo condicionou essa possibilidade ao quadro político local: “Bom, o meu caminho político eu preparo de forma muito aberta, natural; não faço conchavos no escuro; fui convidado mais uma vez a entrar no PSDB, mas não entro agora em respeito ao grupo politico que faço parte como vice-governador; eu respeito acordos, e espero que esse acordo de continuação do nosso projeto politico evolua; e justamente por acreditar nessa evolução não aceitei ainda entrar no PSDB, que tem acordo nacional com o Democratas (DEM), e filiando-se ao partido eu teria que ir para outro palanque, o que não condiz com este momento; eu não faço engenharia politica, mas faço articulações para continuar contribuindo para o Amapá, porque entendo que cargos públicos que o povo concede não são vitalícios, mas, sim, uma função que deve ser exercida com muita responsabilidade. E eu procuro sempre honrar o mandato eletivo com muito trabalho e como uma missão”.


Perfil

Paraense de Belém, o médico cardiologista João Bosco Papaléo Paes chegou a exercer a profissão no Hospital Miguel Couto da cidade do Rio de Janeiro e posteriormente, durante várias décadas, no Amapá, tendo exercido, inclusive, o cargo de secretário de estado da Saúde; posteriormente ingressou na política partidária e foi candidato em 1990 ao governo pelo PRONA, ficando em terceiro lugar, sendo derrotado por Aníbal Barcelos (PFL), que foi eleito governador após disputar o segundo turno com o também médico Gilson Rocha (PT). Em 1992 foi eleito prefeito da capital, Macapá, pelo PSDB, cargo para o qual candidatou-se novamente em 2000 desta vez pelo PTB, mas perdeu a eleição para João Henrique Rodrigues Pimentel (PSB) por uma diferença de 415 votos.

Dois anos depois, ainda pelo PTB, Papaléo Paes foi eleito senador. Após rápida passagem pelo PMDB, retornou ao PSDB em 2005. No ano seguinte concorreu novamente para o governo do estado, ficando em terceiro lugar. Em 2010 disputou uma das vagas ao Senado, mas ficou em quarto lugar. Eleito no primeiro turno em 2014 a vice-governador pelo PP pela coligação encabeçada por Waldez Góes (PDT), atualmente encontra-se sem partido.


Deixe seu comentário


Publicidade