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Cai invencibilidade de nove jogos

Sobre a derrota de ontem em Melbourne, o adversário tinha nas mãos outro comandante, Jorge Sampaoli. O placar deve despertar no futebol do país uma realidade constante no resto do mundo.


Ulisses Laurindo – jornalista
Articulista

O diminuto placar de 1 a 0 para a Argentina não deve servir para jogar areia no trabalho desenvolvido pelo treinador Tite, responsável por oito vitórias consecutivas com a seleção e, o mais importante, valeu para elevar o astral da equipe que perdeu prestígio desde a época de Mano Menezes, Felipão e Dunga, chegando a liderar o ranking da Fifa.

Sobre a derrota de ontem em Melbourne, o adversário tinha nas mãos outro comandante, Jorge Sampaoli. O placar deve despertar no futebol do país uma realidade constante no resto do mundo. O futebol brasileiro e, acredita-se, em todas as seleções mundiais, o de não ter, como era natural, o tempo devido de treinamento para ajustar os jogadores em esquema, seja ofensivo o defensivo.
O que é tradicional, hoje em dia, em partidas de seleções, é a total falta de agressividade dos jogadores na decisão de jogadas conclusivas em busca do gol. Nas grandes decisões entre clubes, observa-se mais criatividade dos jogadores, pois nas suas equipes são treinados constantes e permanentemente nos dias que antecedem decisões. Assim foi visto na recente Liga dos Campeões da Europa, onde havia jogadas técnicas de valor inerente à capacidade do profissional. Em jogos como o de ontem, a constante é o jogador se desfazer da bola para o companheiro que está ao lado. A prova foram os sucessivos passes de bola do meio de campo para os goleiros.

A derrota de ontem, já foi dito, não vai abalar a posição de Tite junto à seleção, pelo saldo positivo, com oito vitórias consecutivas. Mas com a responsabilidade que tem ele deve persuadir a CBF que não dá para chegar no local da competição dois dias antes, sem possibilidade de ajuste na equipe. E tem ainda o agravante: a Austrália, de outro continente, está, por exemplo, distante do Rio de Janeiro 23 horas de fuso horário. Não há conjunto no mundo do capaz de superar o deslocamento para distância tão imensa.

Seguir o modelo vigente em 1970 é impossível no moderno atual. Mas só uma pequena referência daquela época. Para chegar ao tricampeonato no México, João Saldanha dispôs de dois meses para treinar a seleção nas áreas do Gávea Golf Clube, no Rio. Foi substituído por Zagalo, mas a base já estava formada.

Na terça-feira, Tite e a seleção terão novo confronto, contra a Austrália, reconhecida menos dura do que os argentinos, que se vingaram dos 3 a 0, no Mineirão, no último confronto dos dois países. Contra os australianos, com certeza se verá uma seleção melhor postada em campo, principalmente pela diferença de qualidade técnica com os argentinos e, ainda, por melhor aclimação. Outro fator a favor de Tite é que entre os 23 jogadores de agora não estavam Daniel Alves, Marcelo, Neymar, Miranda e Firmino, titulares nas oito vitórias anteriores.


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