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Estrada de Ferro do Amapá – de 1954 a 2003 (final)

Nesses quase 50 anos, um punhado enorme de brasileiros e estrangeiros construiu, operou, manteve, viveu muitas alegrias, sofreu e deixou um pedaço de si em algum lugar da ferrovia.


José Luiz Ortiz Vergolino
Retalhos da história

Toda essa infraestrutura – máquinas, equipamentos e veículos em geral – custou US$ 27.500.000,00 (1956). Para receber esse acervo, o governo do Estado, em 15 de abril de 2003, pelo Decreto nº 4033, constituiu a Comissão de Gerenciamento do Processo de Repasse dos Bens da ICOMI ao Estado do Amapá sob a presidência do senhor procurador geral Ricardo Souza de Oliveira. Durante esse período de intensa atividade operacional foram transportadas 60 milhões de toneladas de minérios e carga geral, e 4,5 milhões de passageiros.

Nesses quase 50 anos, um punhado enorme de brasileiros e estrangeiros construiu, operou, manteve, viveu muitas alegrias, sofreu e deixou um pedaço de si em algum lugar da ferrovia. Todos eles mereciam estar aqui relacionados. Não foi possível. Para representá-los mencionamos apenas cinco ferroviários de escol que sintetizam o melhor do melhor da história da EFA.

O engenheiro Osvaldo Luiz Senra Pessoa, carioca que chefiou a abertura da picada inicial e demarcou o graid da ferrovia, foi o primeiro superintendente da EFA, escreveu as primeiras instruções, foi gerente, diretor e presidente da ICOMI; o mexicano naturalizado americano Ralf Medelim, que participou da construção, definiu a melhor estrutura para manter a via permanente; voltou ao EEUU em 1964 para retornar à EFA em 1967, e não mais sair. Foi tudo na ferrovia. Ensinou amapaenses que se tornaram excelentes profissionais. Quase morreu em cima dos trilhos. Deixou escrito que desejava ser cremado e suas cinzas lançadas no rio Amazonas em frente às instalações da ICOMI para que ele pudesse ouvir o apito das locomotivas; o espanhol Odon Morales, o mais amapaense de todos, responsável pela manutenção de todo o material rodante e máquinas da ferrovia; o engenheiro húngaro Janos Miklós, que consolidou o espírito ferroviário de disciplina e irrestrito cumprimento dos regulamentos, preparou subalternos e implantou o supletivo noturno para os trabalhadores que desejassem estudar; o engenheiro pernambucano Sergio Godoy Filho, que completou e consolidou as Instruções de Serviço, Normas e Regulamentos da Estrada de Ferro do Amapá. Eles serão lembrados sempre.


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