Osmar Júnior

A luz, a poesia, o som, e o meu amor


A juventude agora tem mais acesso à informação que os velhos teóricos como eu. Alguns poetas são teóricos porque seu conhecimento é uma pluma ao vento, observam mais não absorvem, fantasiam o universo a seu modo, dizem coisas que podem mudar minutos depois, adoram paginar velhos livros de ciências para ver o antes e a afirmação do depois, são metamorfoses ambulantes, como esse mundo assim o é.

Agora temos smartphones para fazer qualquer pergunta; parece que o próprio universo dialoga com o espaço tempo para promover soluções simplesmente humanas. Drones, por exemplo, poderiam ter sido criados há muito tempo, mas só agora temos essa percepção, coisas dessa ordem universal, cada tempo em seu lugar.

Quando nos interessamos pela quântica na música, é uma triste realidade sabermos que o som não se propaga no vácuo, portanto não podemos cantar uma canção para Deus no espaço cósmico; não podemos orar em voz alta e nem dizer um poema para a mulher amada. No vácuo só podemos lançar mão de outras realidades, alguma sinestesia ou poder telepático, e ver notas e tocá-las pela imaginação como no filme O Pianista que mostrava um músico judeu escondido nos escombros da guerra, que não querendo ser descoberto pelos nazistas, tocava o piano sem apertar as teclas, mas a música se propagava na sua mente. É o que acontece na mente do músico criador. Sua mente pode ouvir e ver o som em cores vagando pelo espaço.

A expansão da luz no vácuo foi discutida por mim e meu filho, um dia desses. A luz é uma mistura de gases e eletromagnetismo que se propaga no espaço. Mas o smartphone dele me deixa encucado, às vezes, quando debatemos alguns assuntos. Então um amigo meu professor da universidade me disse esse tipo de discussão é legal, deixe que ele descubra que é a luz que se propaga no espaço, não o som. Essa descoberta é sadia e inesquecível para vocês.

A opinião de meu filho é importante em tudo que faço, pois ele representa toda a nova geração dentro de casa, e é um feedback para que eu saiba como dizer certas coisas, através da música, para a juventude. Sempre estou pronunciando as palavras cultura, ciência, Deus e sempre peço, veja aí tal coisa pra mim na internet. A gente não escapa mais dessa comodidade tecnológica, mas a juventude tem sua sabedoria e atitude próprias.

Alguns músicos começaram, como os cegos, a enxergar cores no som, e identificar notas através das cores. Venho me interessando por esse assunto há alguns anos, e sei que quanto mais barulho no planeta, mais insensível o homem fica a essa sinestesia. Sons automotivos absurdamente poderosos em festivais nos recantos ecológicos podem interferir na procriação dos animais, pois sua relação sexual depende muitas vezes do canto emitido nos fins de silenciosas tardes. O projeto secreto haarpe testa armas sônicas ao ponto de que o mundo já ouve as trombetas celestes do fim; sons estranhos vindos do céu têm sido escutados no mundo todo. Sou apenas um compositor e prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.
Dedicado a Zeca Noha