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A importância do ensino da prática na disciplina de química no ensino médio (I)

ADELSON NUNES COELHO – Professor


O estudo da química tem sido objeto de muitos debates no período contemporâneo. São muitas as críticas acerca da dimensão formal e abstrata do ensino dessa disciplina, particularmente no ensino de nível médio onde ela é apresentada de forma mecânica, restringindo-se, ao exercício de decorar fórmulas que serão aplicadas no momento da avaliação.

Por que é importante o conhecimento de química na pratica? Vê-se que o estudo da Química tem uma dimensão prática que ajuda na resolução de problemas da vida cotidiana, independente da dimensão onde a vida humana esteja inserida, e o aluno entenda a essência da disciplina em tempo hábil, ainda na vida escolar, e não com as catástrofes que vão de encontro à vida, como: a tragédia de Chernobyl na antiga União Soviética – URSS; da exposição da população de Goiânia-GO ao Césio-137 (CS) ou do acidente da Usina Nuclear de Angra II, no Rio de Janeiro – os últimos no Brasil, onde o vazamento dos produtos radioativos causaram sérios problemas à vida humana.

O método de ensino da Química utilizado pelos professores em sala de aula é limitado e precisa ser revisto, a fragilidade metodológica é agravada pela falta de instrumentos e equipamentos adequados para a prática da química, como laboratórios, vidrarias e reagentes, onde se confirma o ensinamento teórico e pratico da disciplina.

Outro motivo de defasagem são os livros didáticos oferecidos como suporte ao estudo da Química em sala de aula, apresentam conteúdos difíceis, indecifráveis, que sem a ajuda do professor o aluno não conseguiria entender, levando-os a não gostar da disciplina.

É preciso cautela para não culpar o professor por todas as causas relativas ao baixo nível de rendimento escolar do aluno, pois existem múltiplos fatores que incidem no desinteresse do aluno pelo estudo da química, um deles é o rendimento do aluno frente aos conhecimentos oferecidos nas aulas, onde deveria ocorrer à interação professor e aluno, que em casos é muito baixo, pois em muitas localidades ribeirinhas na zona rural do estado os alunos não tem acesso aos livros, e quando tem não condiz com sua realidade. Muitos alunos são aprovados não pelo conhecimento adquirido, mas pela soma de pontos formativos de avaliações por com viés humanístico contemplado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 (LDB). Essa determinação vai de encontro e intromete-se na avaliação dos conteúdos, onde o aluno apoiado por esta Lei é aprovado na disciplina, mas apresenta aprendizagem defasada.

Se a escola pode sociabilizar os alunos com atividades lúdicas, é possível fazê-lo também por meio de aulas interdisciplinares, através de relações entre processos químicos e a história dos cientistas que os desenvolveram, ou entre a química e o funcionamento do corpo humano, utilizando a pratica nessa socialização. Vale ressaltar que essas questões são temas rotineiros em discussões didático-pedagógica, mas pouco foi efetivado, e há necessidade de avanços e de práticas nos seios das escolas que contribuam para atender as necessidades de quem ensina e de quem aprende. É preciso analisar o processo de ensino-aprendizagem da química com vistas a posterior elaboração de material didático contextualizados, por exemplo, com enfoque no tema “A Química do Corpo Humano”.
Investigar os métodos utilizados pela docência de química no ensino médio da escola pública, para que seja possibilitado ao aluno entender seu aprendizado deficiente da disciplina e também a causa de suas angústias e da resistência em estudar a disciplina, bem como seus anseios quanto à mesma, de forma a subsidiar o entendimento de como a legislação relativa ao ensino da química foi pensada e reformulada quanto aos seus respectivos componentes de ensino.

É possível que o método usado pelo professor desestimule o interesse do aluno pela Química? Sim, se a formação do professor não apresentar técnicas capazes de conduzi-los as práticas eficazes e rompedoras de problemas que venham de ou ao encontro a sua prática docente. Para tanto, estas técnicas devem estar incorporadas ao seu fazer com o aluno.

Todos os questionamentos apresentados neste estudo mostram a defasagem do ensino da química, onde o professor sente-se angustiado e impotente diante de tantos problemas, e também preocupado por estar julgando alunos merecedores de sua afetividade, compreensão e respeito, pois em muitas das vezes além de atuar como professor também atua como pai, que afaga e pune quando necessário, pois em muitos casos os genitores não cumprem seu papel de pais deixando essa responsabilidade para os professores em sala de aula.

Percebe-se que quando um professor mais humano ministra a disciplina, consegue esvaziar a turma através da aprovação massiva, e com isso é taxado como professor fraco ou “humano demais” tanto pelos alunos como por seus pares no Instituto de Química.


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