Osmar Júnior

Tente outra vez


A plural humanidade caminha entre o mal e o bem. Não são somente seres, são complexas unidades criadas ou providenciadas, com defeitos e qualidades, com princípio, meio e fim. A sociedade também a cria, inventa santos e demônios, cria tudo que não se move, de pedra, de ferro ou de pau. A carne se move e pensa, e é formatada pela sociedade. Gênios das ciências exatas ou humanas e monstros do crime.

O sistema prisional brasileiro não reforma a personalidade de ninguém, está criando um mundo que provavelmente sobreviverá, e esse mundo, acredite, é cruel e mais irracional que o mundo animal selvagem. Esses que estão sendo criados matam por prazer ou vingança de uma gente que não lhes deu chance. Quem nos chamou quis nos dizer que é muitas vezes possível consertar defeitos.

Ao invés de criarmos uma universidade de assassinos, deveríamos criar uma escola agrícola ou uma fábrica, sei lá, algo que desse chance ao criminoso. Criamos uma máfia organizada e poderosa, que de dentro do cárcere pode comandar uma rede de assassinos aqui fora. Ruim é que nunca pensamos como os cineastas. Imagine uma guerra ou um acidente tipo um tissunâmi ou terremoto, qualquer coisa que nos desorganize e obrigue a soltura dos prisoneiros. Não sobreviveríamos.

Será a pena de morte nossa melhor opção? Vamos lotar as prisões de homens de 16 anos de idade? Temos estrutura prisional pra isso?

Temos que pensar em estrutura antes de criar leis.

Sei dos erros, do repente, das injustiças, sei que muitos homens erraram por motivos involuntários. A sociedade provoca.

Um homem passa 30 anos no corredor da morte nos EUA, aí descobrem que o sujeito é inocente.

Mas não adianta ficar sobrevoando o problema, o Amapá pode ser laboratório de muitas experiências. Atividades educacionais e industriais podem sair da teoria.

Mas se você quer mesmo saber da paz, ela pode vencer, se houver justiça social. E você que está puto da vida, e quer fazer uma grande merda, ouça a canção, e tente outra vez. TENTE OUTRA VEZ.

Bom domingo.