Política

Joel Banha confirma recurso contra embarque do PT no governo Waldez

Ex-presidente da Executiva Regional do Amapá afirma que a decisão viola a Resolução do último congresso nacional do partido, que proíbe aliança com PPS e PSD.


O ex-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) no Amapá, Joel Banha confirmou na manhã desta quarta-feira (22) com exclusivamente no programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90,9), que as correntes contrárias da sigla ao embarque do partido no governo de Waldez Góes (PDT) recorreram à direção nacional porque, segundo ele, essa decisão viola a Resolução editada no último congresso nacional que proíbe aliança com o PPS e o PSD, que integram o atual governo.

“Na verdade essa decisão tem algumas divergências, considerando que o PT é um partido nacional e não um partido regional. Essa composição distorce totalmente a discussão nacional, porque a prioridade ‘zero’ é a eleição de Lula para a Presidência da República, a prioridade ‘um’ é a bancada federal e a possível prioriade ‘dois’ é o Senado. Diante desse quadro, como seria possível um palanque do Lula no Amapá com PPS, PSD e PCdoB?” indagou.

Na opinião de Joel Banha uma eventual composição com o governo vai inviabilizar a eleição proporcional: “O PCdoB tem a Marcivânia, o PSD o Marcos Reátegui e o PPS o Alan Sales; qual é a chance do PT eleger um deputado federal? É zero! Com relação ao senado e à vice não colocaram nenhum item para discutir. O problema é que, quando vai se sentar numa mesa de jogo tem que discutir todas as regras, porque depois que entrou parou; não se está discutindo Senado nem vice. O PT tem o maior tempo de televisão, que ainda vai ser importante nessa eleição. Não é porque querem o PT pelos belos olhos do PT, mas sim pelo tempo de televisão e também pelo seu candidato a presidente, porque causa do fôlego que ele tem. As condições que estão colocando não permitem que se cumpra o que a direção nacional determina, que são essas prioridades”.

Na opinião de Joel Banha a direção nacional vai reverter a decisão: “Nós aprovamos no congresso do PT que em todos os estados a palavra final é da direção nacional, que tem que homologar. No caso de haver unidade não altera nada, porque não vai intervir. A gente está comunicando pra nossa corrente nacional, a CNB (Construindo um Novo Brasil) nacional o que ocorreu. A CNB não está compondo o governo, a corrente da Dalva (Figueiredo) também não. Eu não tenho dúvida que essa decisão vai ser revertida pela direção nacional”.

Perguntado se há possibilidade da direção nacional ratificar essa decisão, Joel Banha admitiu que sim: “Pode ficar como está, sim, a direção nacional pode entender dessa forma, mas o nosso grupo tomou a posição correta, porque tem que ser dado ao PT o tamanho que o partido merece. Mas é preciso entender que na realidade eles apenas regularizaram a situação que existe porque eles já fazem parte do governo. E não é verdade que houve formalização de convite por parte do governador, tanto que esse suposto documento não foi apresentado durante a reunião, apenas a palavra do presidente”.

“Contradição explícita”
Ouvido por telefone pela bancada do programa, Markus Sokol, membro da Executiva Nacional do PT previu que a direção nacional vai rever a decisão porque, segundo ele, a mesma “não se sustenta” por se tratar de “contradição” explícita à Resolução do congresso nacional do partido: “Essa decisão não se sustenta, espero que o bom senso faça o companheiro Antônio Nogueira e outros companheiros mudem de ideia, porque aponta para uma composição com partidos que não estão em nossos arcos de alianças; mas não é apenas por isso, porque há contradição explícita com o conteúdo da Resolução do 6º congresso do partido realizado em junho, com avaliação do período anterior, quase 14 anos de governo, condições do golpe do impeachment, e traição de vários setores que se apresentavam como aliados. A Resolução determina as alianças que serão feitas daqui por diante, exclusivamente com setores antiimperialistas, anti-monopolistas, anti-latifundiários e radicalmente democráticos, setores que afirmem um programa que não contempla interesses capitais internacionais, poderosos grupos econômicos, grandes propriedades agrárias e o golpismo, por isso eu digo que essa resolução não vai se sustentar”.

Questionado se esse impedimento seria o fato de que o PDT compor no Amapá aliança com o PPS e o PMDB, Markus Sokol disse que sim: “O estatuto do partido é um documento permanente e a questão de aliança é objeto de Resolução e há Resolução do congresso que determina as coligações, conforme eu já expliquei. Não há uma lista de siglas pela boa razão de que siglas que existiam Brasil no momento do golpe entraram em crises muito grandes, generalizadas, que se mantêm ainda hoje no sistema partidário, tanto que muitos partidos mudaram de nome. A gente vai pela linha da qualificação. O PSDB, por exemplo, não faz parte da nossa política de alianças, como também o PSD e o PPS, que no caso especifico Amapá fazem parte da coligação do governador para 2018”.

De acordo com o petista, como há casos específicos de arrependimentos por parte de políticos que apoiaram o impeachment de Dilma Roussef não há uma radicalização no que diz respeito a determinados nomes ou siglas, mas ele ponderou que esse não é o caso do Amapá: “Não há só problemas de siglas ou pessoas que tenham apoiado o golpe, porque há setores que podem ter apoiado golpe e se arrependeram, mas não há nenhum indicador de que esse é o caso da bancada do governo Waldez, que continuou apoiando os golpistas, com discursos e votos favoráveis às reformas trabalhista, previdenciária e outra medidas que só prejudicam os trabalhadores brasileiros. Por isso eu não posso ver como pode se sustentar uma aliança nessas condições”.

 


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