Política Nacional

Randolfe chama CPMI da JBS de “farsa” porque “transformou acusadores em investigados”

Senador do Amapá acusa governistas de retaliar as denúncias contra Temer, tirar vantagens, desacreditar o Ministério Público Federal e de acabar com a Operação Lava Jato. Votação do relatório de Carlos Marun foi adiada para esta quarta-feira.


O senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) criticou duramente nesta terça-feira (12) o relatório apresentado pelo presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, deputado federal e futuro ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (PMDB-MS), criada para investigar os contratos do grupo JBS financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) disparando duras críticas ao colegiado, afirmando que “os trabalhos estão sendo usados por parlamentares que temem delações que os acusem de envolvimento nos negócios do grupo para tirar vantagens, desacreditar o Ministério Público Federal (MPF) e acabar com a Operação Lava Jato”.

Segundo o senador, a comissão inverteu radicalmente os valores: “Neste ambiente, os investigados viraram vítimas e os investigadores é que estão sendo investigados”. Recentemente, o senador teve uma briga com o relator por causa do rumo que, segundo ele, estavam tomando os trabalhos. Randolfe também ajuizou, em setembro, um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir a suspensão da CPMI. Na peça jurídica, ele argumentou que o propósito velado da comissão é “travar uma disputa política da coalizão governista, fortemente abalada pelo conteúdo das colaborações e das evidências a elas anexadas, com o Sistema de Justiça”.

O parecer, que ainda será votado pelos membros do colegiado, pede o indiciamento do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e de seu ex-chefe de gabinete, Eduardo Pelella, com base na Lei de Segurança Nacional, sob as Acusações de “subversão à ordem política”. O indiciamento que pode resultar na prisão dos procuradores. De acordo com o senador, ele vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) alegando constrangimento ilegal caso o atual relatório final seja aprovado. A votação do relatório estava prevista para esta terça-feira, mas foi adiada por causa do pedido de vista feito pelos deputados Delegado Fernando Francischini (SD-PR), João Gualberto (PSDB-BA), Hugo Leal (PSB-RJ) e pelo senador Lasier Martins (PSD-RS). Uma nova sessão da comissão para votar o relatório foi marcada para esta quarta-feira (13) a partir das 9h30.

De acordo com analistas jurídicos os pedidos de vista podem significar que os quatro também devem apresentar um voto em separado, o que é comum tanto em votações no Legislativo como no Judiciário, mas explicam que esse voto só será apreciado se o relatório de Marun for rejeitado, o que não deve ocorrer porque que a maioria do colegiado já demonstrou apoio ao parecer do futuro ministro do presidente Temer.

Se for aprovado, o relatório de Marun será enviado à Procuradoria-Geral da República (PGR).  A procuradora-geral Raquel Dodge afirmou na manhã desta terça-feira (12) que vai estudar o caso quando a PGR receber o relatório. Nós não recebemos ainda nenhum indicativo da CPI. Assim que recebermos haverá a análise adequada sobre o tema”, disse a procuradora, que não quis se manifestar ao ser questionada por jornalistas se ela considera uma forma de intimidação do Ministério Público o pedido de indiciamento feito pelo relator da CPMI.

Ramon Palhares – Correspondente em Brasília


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