Política

Vinícius Gurgel e Marcos Roberto trocam ‘farpas’ nas redes sociais e se reconciliam em debate no rádio

Alvo de reportagem da Rede Globo por supostamente ter faltado a 42,2% das sessões, o deputado é criticado por advogado e reage através de áudio, deflagrando um duelo verbal entre ambos. Em clima de Natal, eles ‘fumaram o cachimbo da paz’ no programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90,9).


O duelo verbal entre o deputado federal Vinícius Gurgel (PR) e o advogado Marcos Roberto, que disputou sem sucesso uma cadeira na Câmara em 2014 pelo PT, que viralizou nas redes sociais por causa do baixo nível usado por ambos, foi tema de debate entre ambos no programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90,9) na manhã desta quarta-feira (27). Refeitos dos momentos de violenta emoção que descambaram no embate em linguagem chula, eles justificaram as agressões mútuas ao “calor do momento” e pediram desculpas entre si.
Tudo começou com críticas feitas pelo petista ao republicano por causa da reportagem em nível nacional veiculado pela Rede Globo, que abordou o elevado índice de faltas às sessões deliberativas dos parlamentares, entre os quais Vinícius, apontado como um dos mais faltosos em 2017 (segundo a matéria com 42,2% de ausências), juntamente com o paraense Wladimir Costa, do Solidariedade, que se tornou conhecido nacionalmente por ter tatuado o rosto do presidente Michel Temer (PMDB) em seu corpo.

Questionado pela TV Globo por causa do elevado número de faltas sem justificativas e pelo fato de não ter apresentado um só Projeto de Lei durante o seu mandato, Vinícius Gurgel respondeu que a atividade parlamentar não se resume à presença nas sessões legislativas e que o perfil dele é o de ‘deputado municipalista’, e por isso dá prioridade à busca de recursos para investimentos no Amapá. Por causa da repercussão da reportagem, Marcos Roberto usou as redes sociais para criticar o deputado, que em áudio, também divulgado nas redes sociais, disparou:

– Ei marcos to mandando o áudio porque eu não gosto de esconder a cara, tu é muito fraco de voto, foi secretário de segurança publica, vive encostado em governo e CDS e hoje está mamando no governo do Waldez; vai atrás de voto. O dia que tu ganhar uma eleição nem que seja pra dentro do teu bairro, tu vem falar comigo; é o Vinicius Gurgel que está falando, tu pode anotar aí que vou ganhar eleição ano que vem, porque eu sou bom de tratário; o povo gosta de mim, tu não, tu incompetente, tu nem conseguiu licitar o GTA (helicóptero para o Grupamento Tático Aéreo) naquela tua roubalheira. Vagabundo!

Marcos Roberto reagiu: “Vinícius, aqui é o Marcos Roberto. Primeiro não me compara contigo porque eu não sou da tua laia. Eu sou trabalhador, eu sou professor de matemática concursado do estado, dou aula lá no Alexandre Vaz Tavares (Escola Estadual) e sou advogado. Eu vivo do suor do meu trabalho. Realmente eu não tenho mandato de deputado federal, porque eu não consegui conquistar o número de votos suficientes para me garantir o mandato; diferente de ti que está no 2º mandato e o povo do Amapá sabe qual é a sua prática de conseguir mandato, que é comprando voto. E eu não duvido que tu te reeleja ano que vem, mas tu só consegue se reeleger se tu continuar comprando voto. E pára de ficar se escondendo atrás de remédio de tarja preta, que tudo não é doido não. A gente sabe qual é tua prática no mandato, tu usa o teu mandato pra outros fins e não de trabalhar pelo povo do Amapá. Então tu me respeita e vai trabalhar como deputado e para de ficar faltando. Agora faz o seguinte, pede direito de resposta para a Globo pra tu ir fazer tua defesa lá (referindo à reportagem sobre faltosos)”.

Debate no rádio
Primeiro a ser entrevistado para explicar do duelo verbal acirrado pelas redes sociais, Vinícius Gurgel justificou as faltas às sessões parlamentares: “Eu quero desejar ao Marcos Roberto um feliz ano novo pra ele e dizer que vou retribuir em 2018 o meu mandato, como sempre fiz com muito trabalho ao povo do meu estado, porque o meu mandato é do povo do Amapá. Eu não fico ligado em matéria nacional, ficar votando lá coisas que não tem resultado nenhum pro povo”.

Nesse momento, ainda demonstrando insatisfação, Marcos Roberto, por telefone, desabafou: “Eu compartilhei nas redes sociais um vídeo com relação à reportagem do Bom Dia Brasil e depois o deputado Vinicius divulgou um áudio que me deixou muito ofendido. Primeiro porque eu não sou vagabundo, sou trabalhador, não falto no meu trabalho, dou aula à noite no Alexandre Vaz Tavares e foi irresponsabilidade do deputado Vinícius me chamar de vagabundo, de ladrão; eu fui gestor da Segurança Pública, trabalhei muito para o Amapá e não desviei recursos públicos. No caso específico da licitação do GTA, ao qual ele se referiu me chamando de ladrão, todos sabem que o MP (Ministério Público) sugeriu que a licitação fosse através de pregão eletrônico e eu havia feito através de pregão presencial, que está dentro da discricionariedade do secretário, então eu resolvi não fazer mais a licitação e optei por deixar para o outro secretário que fosse assumir; eu não desviei dinheiro. Mais uma vez foi o deputado foi irresponsável, assim como eu acho que ele tem sido irresponsável com o mandato, porque é vergonha para nós amapaenses que o deputado federal mais faltoso do Congresso Nacional é do AP, e que tem votado contras as pautas da população, a favor da CEA (Companhia de Eletricidade do Amapá) e da reforma trabalhista; são pautas sempre diferentes do que o povo precisa, e isso quando ele não falta, porque reiteradamente, como saiu na reportagem ele tem faltado, quando no que diz respeito à busca de recursos é mais um trabalho que tem pra fazer”.

Vinícius Gurgel retrucou: “Eu acho que o Marcos Roberto tem que ter mais cuidado, ele também tem família… Podia ter postado a respeito da reportagem, mas publicar ‘meme’ me ridicularizando… Isso eu não admito. Como professor e como advogado ele teria que respeitar, mas ele foi além da conta”.

Cutucado pelo apresentador do programa, que perguntou se ele tem algum problema pessoal com o deputado, Marcos Roberto negou: “Eu não tenho nada pessoalmente contra ele, inclusive já conversamos por diversas vezes… Eu também tenho família e o nome a prezar. Eu não sou vagabundo, não sou ladrão. Eu não aceito esse tipo de coisa. E quero deixar claro que o ‘meme’ não fui eu quem postou, eu apenas compartilhei, não fui eu que fiz”, ao que Vinícius disparou: “É, mas como advogado você deveria observar o que posta, como qualquer cidadão eu mereço respeito”, recebendo como resposta: “Eu procuro respeitar todo mundo, mas como já disse, eu não posso ser chamado de ladrão, de vagabundo e ficar calado”.

Em tom de conciliação, o parlamentar propôs trégua conclamando o clima de festas de fim de ano: “Eu peço desculpas ao Marcos, não tenho nada contra ele, desejo boa sorte a ele. É tempo de contemplar, de paz… Se eu me excedi peço desculpa, foi um momento de emoção, alvejado por crítica, ainda que eu não concorde. Como eu sempre fiz, em 2018 vai ter muito trabalho, vou continuar trabalhando pelo Amapá”.

Marcos Roberto aquiesceu: “Eu não tenho problema pessoal algum com o Vinícius e desejo que ele possa fazer trabalho dele, mas foi necessário responder por causa das ofendas, de ter me chamado de ladrão sem eu ter desviado recursos, sem ter mexido em nada de ninguém. Desejo sucesso ao deputado, desejo que em 2018 ele faça um bom trabalho como parlamentar e que falte menos (às sessões da Câmara), inclusive agora que vai ter a votação da reforma previdenciária, que ele vote a favor do trabalhador e vote contra a reforma”.

Faltosos
De acordo com a própria reportagem da TV Globo, o deputado Vinícius Gurgel não é o deputado mais faltoso e sequer figura no rankin dos que mais faltam às sessões parlamentares. No ranking dos mais faltosos às sessões deliberativas da Câmara, que foi apresentado pela emissora, que levou em conta 133 sessões, Guilherme Mussi (PP/SP) é o recordista, tendo faltado a mais de 1/3 das sessões, seguido de José Priante (PMDB/PA), Wladimir Costa (SD/PA), Edmar Arruda (PSD/PR), Nivaldo Albuquerque (PRP/AL), Waldir Maranhão (PP/MA), Magda Mofatto (PR/GO), Vicente Cândido (PT/SP) e Vicentinho Júnior (PR/TO).


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