Cidades

Abandonadas, quadras poliesportivas dos bairros de Macapá estão sendo destruídas

Construídos pelo governo do estado, complexos foram entregues às associações de moradores, que não fazem a manutenção


Uma equipe de reportagem do programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 909) comandada pela repórter Neuciane Lima esteve na manhã desta terça-feira (22) em vários bairros de Macapá para apurar denúncias de que complexos esportivos construídos pelo governo do estado (GEA) que foram entregues para serem administrados pelas associações de moradores estão abandonados, muitos deles praticamente destruídos por falta de manutenção e ação de vândalos. A exceção é a Praça Nossa Senhora da Conceição, no bairro do Trem, sob a responsabilidade da associação dos casados e solteiros.

Na praça localizada no bairro Buritizal, nas proximidades do Ciac/Superfácil e do Juizado Especial do Tribunal de Justiça (Tjap) da Zona Sul, o cenário é de completa destruição. Vários moradores, entrevistados ao vivo, lamentaram a situação e culparam o governo e a prefeitura de Macapá, mas o titular da secretaria de Desportos e Lazer (Sedel), ouvido pela bancada do programa, explicou que a responsabilidade pela manutenção dessas praças é das respectivas associações de moradores, que assinaram termo de compromisso de gestão, embora em algumas delas o GEA se dispõe, eventualmente, a dar apoio logístico.

Uma moradora que se identificou como Cristina se disse revoltada: “Tudo está praticamente destruído, coberto pelo mato, que até cobras tem aqui. A gente não tem segurança para absolutamente nada, tudo está no escuro, é um breu. Com isso até as nossas caminhadas ficam comprometidas, temos que caminhar bem cedo da manhã, a partir das 6h, 6h30, porque se formos caminhar a tarde, no início da noite seremos assaltados; essa quadra é apenas enfeite, na realidade é feiúra, e o pior é que ninguém toma providências”.

Outra ouvinte, dona Rose, relatou que se trata de um complexo poliesportivo de grande envergadura que poderia estar cumprindo a sua função social, mas serve de redutos para bandidos: “Aqui quadra de basquete, vôlei, arena, campo de futebol, centro comunitário, mas está tudo abandonado, praticamente destruído, o parquinho onde as crianças poderiam brincar se divertir está todo quebrado, parte da arena onde tem o alambrado está todo tomado de mato, inclusive todo o sistema de energia elétrica foi arrancado, levaram tudo”.

Também moradora do entorno da praça, dona Maria desabafou: “Esse lugar que deveria ser tão bonito, muito bem cuidado, infelizmente serve apenas para bebedeira, droga, sexo e orgias. Tem que revitalizar a praça porque atende todos os moradores, e está localizada em um lugar estratégico, vizinha ao Superfácil, Juizado Sul, escola, igreja, enfim, todos os equipamentos sociais existem nas proximidades da quadra, mas estamos impedidos de utilizá-la porque, além do abandono, nós estamos reféns da bandidagem”.

Gestão comunitária
Contatado por telefone pela bancada do programa, o titular da secretaria de Desporto e Lazer (Sedel) Júnior Maciel, que assumiu a pasta recentemente, esclareceu que a responsabilidade pela gestão das praças é das associações de moradores dos bairros: “Na verdade o governo através da Sedel dá apoio a essas praças, mas não é responsabilidade nossa, pois o governo construiu as quadras, preparou as escrituras e as entregou para as associações de moradores. Os moradores estão certos, infelizmente estamos vivendo uma onda de violência muito grande e é preciso proteger esses patrimônios, temos que encontrar uma forma de fazer isso”.

Segundo Júnior Maciel, o exemplo da quadra localizada na Praça Nossa Senhora da Conceição deveria ser seguido: “O presidente da Associação dos Solteiros e Casados, Vitor Jaime, faz um trabalho que deveria ser feito pelas demais associações, inclusive recentemente ele fez a reforma total do complexo com recursos próprios da associação, e tem que cuidar, mostrar o que está fazendo; se é presidente tem que fazer alguma coisa”.

Conforme explicou o secretário, essas associações têm autonomia de gestão e não recebem dinheiro do governo, porque eles próprios têm como garantir recursos para a manutenção através da realização de eventos e mesmo aluguel do espaço para atividades culturais, artísticas e desportivas. Mesmo assim, segundo ele, quando é acionado, o governo dá o apoio necessário:

– O governador Waldez inaugurou várias arenas e repassou a gestão para as associações de moradores dos respectivos bairros; apesar de não receberem recursos públicos, essa gestão tem que ser feita através de dinheiro arrecadado nas atividades que essas associações desenvolvem. Mesmo assim a gente tem apoiado conforme pedidos feitos, mas a parte financeira todos eles têm sua maneira de gestão; dois meses atrás, por exemplo, tomei conhecimento que nós arcamos com o pagamento de energia elétrica. Os moradores têm que cobrar dos seus respectivos presidentes, pois são eles os responsáveis pela manutenção e preservação daqueles patrimônios; as comunidades têm que reagir e se organizar para que isso não continue ocorrendo e esses espaços públicos possam durar por bastante tempo – ponderou.
Fotos: Neuciane Lima

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