Nilson Montoril

Acylino de Leão Rodrigues


No dia 27/9/1950, às 14 horas, falecia na Santa Casa de Misericórdia do Pará, o ilustre médico, professor e político macapaense, Acylino de Leão Rodrigues. Seu passamento causou profunda consternação naquele estado e no Território Federal do Amapá. Médico competente, devotado a sua profissão, Acylino de Leão exerceu-a por mais de 40 anos, demonstrando invulgar respeito a seus pacientes. Como professor universitário foi brilhante, lecionando na Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará, como catedrático de Clinica Medica e Medicina Legar na Faculdade de Direito. Também foi dirigente dos dois cursos. Nasceu no interior do município de Macapá, no dia 17/7/1882, na ilha Cotia, região das Ilhas que pertence ao Estado do Pará desde o dia 13/9/1943, mas, quando do nascimento do Dr. Acylino estava sob jurisdição de Macapá. Nosso notável conterrâneo era filho de Leão Gregório Rodrigues e de Maria Gil de Leão Rodrigues, casal devotado as atividades comerciais e que dispunha de bom s recursos. Somente aos dez anos, o menino Acylino iniciou os seus estudos fundamentais.

O curso secundário foi realizado em Belém, no Liceu Paraense, atual Colégio Paes de Carvalho. Em 1902, matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, diplomando-se em 1909, com distinção. Retornou a Belém, para rever seus familiares, despedindo-se e seguindo para Paris/França, onde permaneceu por um ano fazendo especialização. No dia 31/1/1916, com 28 anos, casou com a senhorita Amelia Ribeiro, filha do desembargador Tomaz Ribeiro, chefe de Policia na época do Governador do Para, Augusto Montenegro. Na política esteve filiado ao Partido Liberal, pelo qual foi eleito varias vezes a Assembléia Estadual Paraense. Em 1935, foi eleito para a Câmara Federal, ali permanecendo ate a eclosão do golpe do Estado Novo, aplicado pelo presidente da República, Getulio Vargas, em 10/11/1937.

A medida dissolveu o Congresso Nacional, as Assembléias Legislativas e as Câmaras Municipais, inclusive a de Macapá. Ao falecer, aos 62 anos, era filiado ao Partido Social Democrático-PSD. Tendo sido acometido por pertinaz doença, foi-lhe recomendada uma cirurgia e repouso. Porem, três dias antes da operação, o Dr. Acylino ainda compareceu regularmente as faculdades onde lecionava. Devido ao agravamento do seu estado de saúde, a cirurgia não foi realizada. Mesmo combalido, o Dr. Acylino se manteve no cargo de Presidente da Legião Brasileiro de Assistência, em Belém e ainda conseguiu inaugurar o Posto de Puericultura “Otávio Rocha de Miranda, no dia 28/8/1950. A família só tomou conhecimento do seu estado grave de saúde, quando lhe faltaram as forças. Ocorrendo o óbito, seu corpo foi levado para sua residencia, situada a Rua São Jerônimo, numero 150, onde foi velado. A diretoria da Faculdade de Medicina quis velar o corpo do Dr. Acylino no Salão Nobre da instituição, mas a família não concordou, respeitando o desejo de seu ente querido, de que o velório ocorresse em sua casa. Inúmeras homenagens lhe foram prestadas, por estudantes de medicina, de direito, membros da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, Conselho de Cultura, Assembléia Legislativa e Ordem Terceira de São Francisco. Seu corpo foi inumado na sepultura numero 517, da quadra das Irmãs da Santa Casa de Misericórdia. Falaram a beira do tumulo os doutores Luiz Augusto, Daniel Coelho de Souza, Orlando Lima, Custodio Costa e Osvaldo Brabo.

O governo do Território Federal do Amapá mandou construir um mausoléu como homenagem de seus conterrâneos. Acylino de Leão Rodrigues foi médico clínico, atuando como sacerdote, atendendo as pessoas sem preocupar-se com pagamento. Morreu pobre. Participou ativamente da fundação da Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará. Também lecionou na Escola de Agronomia e Veterinária. Na Academia Paraense de Letras, o Dr. Acylino ocupou a cadeira 29, criada pelo macapaense Joaquim Francisco de Mendonça Júnior, cognominado Mucio Javrot. Na Academia Amapaense de Letras, ele é o patrono da cadeira numero 1. No trigésimo dia do falecimento do Dr. Acylino, a senhora Sofia Mendes Coutinho mandou rezar missa em sua intenção. A Prefeitura Municipal de Macapá ligou seu nome a uma das vias públicas do Bairro do Trem. Avenida Acylino de Leão Rodrigues. A placa que a identifica contem o nome Acelino, grafia errada.