Nilson Montoril

O padroeiro dos namorados


Épocas mais recuadas, a comemoração do dia dos namorados acontecia no dia 14 de fevereiro, dia da execução de São Valentim ou Valentinus, Bispo de Roma, que não obedeceu as imposições do Imperador romano, Claudius II Gothicus, proibindo que se venerassem outros deuses, que não os romanos, e fossem realizados casamentos em seu reino, porque ele queria formar um grande exército e acreditava que os jovens que não tivessem família se alistariam. Muito popular, em Roma, Valentinus incentivava os jovens a casarem, para levarem a vida sob as bênçãos divinas. No decorrer de anos, São Valentin foi considerado o protetor dos namorados Além das solteironas, São Valentin também figurava como protetor dos epiléticos.

Isto perdurou até o ano de 1964, quando a Igreja Católica colocou em prática o Novo Calendário Litúrgico, removendo mais de 200 santos da lista daqueles cujos dias festivos são celebrados pelo catolicismo. Na forma das decisões do Concilio Ecumênico Vaticano II, realizado entre 1962 e 1965, a igreja de Roma rompeu a tradição, que estabelecia a data de comemoração, como sendo o dia da morte do santo. O dia de São Valentin coincidia com o inicio da estação de acasalamento das aves, o que provocou a associação de seu nome com o amor humano. O nome de São Valentin foi excluído da lista dos santos da Igreja Católica, sob a alegação de que não se tinha certeza sobre a existência dele. Mesmo assim, ate que Congregação dos Ritos estude cada caso de santificados, ele continuariam a ser venerados. Esta tolerância, que ainda não foi totalmente resolvida, acatou a indicação de Santo Antônio, nascido em Lisboa e falecido em Pádua, na Itália, como o novo patrono dos namorados. Não se tem dúvida da existência de Santo Antônio, mas os méritos para tal, também decorrem da tradição religiosa, focada em uma lenda. Isto mesmo. Há uma lenda no seio da Igreja Católica, que fala da existência, em Pádua, de um tirano de nome “Erzelino”, que baixara um decreto, segundo o qual, as pessoas deveriam levar idêntico dote para o casamento. Assim, sempre casaria rico com rico e pobre com pobre, Casava-se mais com a carteira de dinheiro do que com o coração.

A população da cidade revoltou-se, e Santo Antônio, que era o pároco de Pádua, frentou o tirano em praça pública, defendendo a união de um jovem rico e uma mocinha pobre, que se amavam verdadeiramente. Temendo ser excomungado e não suportando a pressão do povo e os argumentos de Santo Antônio, Erzelino foi obrigado a revogar seu esdrúxulo decreto. Santo Antônio foi carregado em triunfo e aclamado como “Santo Casamenteiro”. Também conta-se, que uma nobre senhora havia perdido as chaves de sua casa e resolveu pedir a ajuda de Santo Antônio para localizá-la. Prometeu que daria pão para os pobres, a cada terça-feira. As chaves foram encontradas e ela cumpriu rigorosamente o prometido. Parte deste fato, a instituição do ato de caridade denominado “Pão de Santo Antônio”.

Antônio nasceu em Lisboa e formou-se padre entre os Cônegos Regulares de Santo Agostinho, na Abadia de São Vicente e no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra. Em 1220, decidiu seguir o modo de vida de São Francisco, embalado pelo idealismo missionário. Seu nome de batismo era Fernando de Bulhões. Depois de ordenado sacerdote, foi para o Marrocos, onde morreram martirizados os cinco primeiros franciscano. Pouco tempo permaneceu no Marrocos, pois seu estado de saúde não permitiu. Morreu no dia 13 de junho de 1231, no eremitério de Campo Sampiero, vitimado por diversas doenças, principalmente hidropisia (acumulação de liquido em cavidades do corpo). Quando São Valentim era o patrono dos namorados, no Brasil, em 14 de fevereiro, jovens enamorados trocavam mensagens amorosas, sem presentes. Este costume ainda prevalece na França e nos Estados Unidos da América do Norte. No Brasil, a licenciosidade de certas devotas, compromete o respeito que se deve reservar a Santo Antônio. As encalhadas culpam o santo por não conseguirem arranjar namorados e o colocam de cabeça para baixo, em vasilha com água. As pessoas mais antigas dizem que São Valentin é o patrono dos namorados. Santo Antônio é casamenteiro. O santo das causas perdidas é São Judas Tadeu.