Nilson Montoril

Promessas à granel renovadas


Os promesseiros políticos estão de volta e mais inconsequente. São praticamente os mesmos de outras jornadas, Falam que nem papagaio da cabeça amarela, curicas e maritacas. A cara deles nem treme. Eles correspondem aos periquitos que só pousam nas mangueiras quando elas estão frutíferas. Chegam com uma fome feroz e não dispensam sequer as manguinhas verdes. As palavras chaves são as mesmas de sempre: novas escolas, postos médicos, atendimento dentário, assistência hospitalar esmerada, novos coletivos, geração de empregos, asfaltamento de ruas, avenidas, becos e pontes, bibliotecas com moderníssimo acervo, segurança pública eficiente, limpeza total das cidades, aberturas de novas estradas e revestimento asfáltico das existentes, etc. Segundo informes de domínio público, são mais de 600 candidatos concorrendo aos cargos de deputado estadual, deputado federal, senador e governador. Alguns deles já alcançaram o píncaro da glória, mas agora estão em queda livre e prestes a sentirem o “cheiro da perpetua”. Mesmo assim não perdem a pose. Falam com a voz mansa como se fossem “anjos de candura”, mas só parecem. Dizem, que o diabo quando não vem manda o secretário ou alguém que o represente.

No jogo da politicagem o desrespeito entre os concorrentes é brutal. Até as criaturas mais sujas do que pau de galinheiro juram que são anjos de candura. Para agradar os eleitores, vários candidatos evidenciam apelidos bem bizarros, porque a escrita ou a pronúncia literal não soam bem. Sujeito de baixa estatura, que tem a bunda baixa é identificado como “cu-de-rã” ou “De rã”. Outro, cujo “cegonho” não ergue mais o pescoço é “Pau Mole”. Até um tal de “Sobre Cú” busca um lugar ao solo. É famosa a história de um indivíduo que ficou rotulado como “calça nova”. Sendo conhecidíssimo no serviço público, por exigir e receber propina caiu na besteira de enaltecer sua duvidosa honestidade por ocasião de um comício. Batendo nos bolsos laterais da calça gritou: “nestes bolsos nunca entraram dinheiro público”. Um eleitor, que conhecia muito bem a vida pregressa do bafento, retrucou: “calça nova, né Gabiru”? Há concorrentes afirmando que obteve somas elevadas de dinheiro federal para a execução de obras no Amapá. É tanta grana que daria para construir mais duas UNIFAP.

Um ex-governador que não admitia a plantação de soja em nossos cerrados, agora propala que vais estimular tal prática agrícola e prensar os grãos aqui mesmo. Outro ex-gestor santiaguês, em duas oportunidades ignorou a presença de duas equipes técnicas do Hospital do Câncer, de Barretos, São Paulo, que veio a Macapá a convite do Padre Paulo Roberto. Os técnicos da referida casa de saúde tentaram marcar audiência com o governador, mas ele os ignorou. Entretanto, agora, a mater vive espalhando que devota especial carinho à saúde pública. Nossos eleitores ainda apoiam quem procede de modo inadequado. Basta haver uma compensação pessoal para destinarem votos aos enganadores. Passadas as eleições, sem receberem coisa alguma passam a hostilizar os pretensiosos. Ocorre que pretensão é um coisa e a realidade outra.
A política bem conduzida é importante e salutar. Porém, querer praticá-la usando de práticas aéticas e imorais penaliza os munícipes e só apresenta vantagens para os que agem em conluio ou “cumandita”. Por isso, a “política” é tida como a arte de enganar os trouxas. E é mesmo. Vez por outra, velhacos políticos tiram do fundo da cartola alguém que o eleitor nem conhece. O sujeito é orientado a agir com cidadão exemplar e merecedor de toda a confiança possível. Este tipo de gente é rotulada como “jabuti”, que num passo de mágica sai do chão para o galho de uma árvores. Ora, jabuti não sobre em árvore, dirão alguns eleitores. Isso mesmo, mas vocês, estimulados por políticos velhacos o colocam em plano elevado. A desgraça é que, uma vez estabelecido no galho, o jabuti não quer descer de jeito algum.

A queda só acontece quando a árvore é derrubada. Para evitar o desmatamento é recomendável manter o jabuti no chão. Quem não dispuser de fartos recursos financeiros e não conseguir fechar acordo consistente com financiadores de campanhas não deve de atrever a concorrer a um cargo eletivo. Nem sempre o eleitor está disposto a fazer uso do voto de protesto, que é optar por um candidato tido sem expressão, cuja vitória despertará revoltas e rancores nos candidatos melhor qualificados. Coisas deste tipo já ocorreram no Brasil.Em São Paulo os eleitores votaram no rinoceronte “Cacareco”,que era do Zoológico do Rio de Janeiro e tinha cedido para o congênere paulista por um certo período de tempo.

Os eleitores gozadores alegaram, que sendo vereador na pauliceia o “Cacareco” teria que exercer seu mandato na terra da garoa.Em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, foi eleito o “Bode Cheiroso”, caprino que chegou a vestir paletó e ser levado à Câmara Municipal no dia da posse.( 2016).