Nilson Montoril

Tuna


Tuna é o nome do agrupamento musical surgido na Espanha no inicio do século XIX, que utiliza instrumentos diversos. Originalmente, era um mero conjunto instrumental de natureza popular. Posteriormente ganhou espaço nos estabelecimentos educacionais e passou a ser identificada como Tuna Estudantina, com uso marcante do canto.

Ao despontar no cenário musical espanhol, a tuna estava focada no ideário romântico dos antigos sopistas e pícaros. Os primeiros músicos eram estudantes pobres, que recorreram as suas habilidades musicais para obter os recursos necessários ao custeio das mensalidades nas escolas. Maltrapilhos, eles saiam tocando pelas ruas à cata de dinheiro. Enfrentava a indiferença de muitas pessoas, que os rotulavam como vagabundos e vadios.

Persistentes, os jovens estudantes executavam composições populares, românticas e folclóricas próprias das regiões que visitavam. Não é bem aceita a afirmativa, de que os integrantes das tunas seguiam os passos dos sopistas, menestréis, trovadores, jograis e afins. Os grupos foram se aperfeiçoando incluindo musicas eruditas em seus repertórios, notadamente os membros das Tunas Estudantina e Compostelanas.

As Tunas Universitárias envergavam os trajes acadêmicos das instituições onde estudavam, dando-lhes um visual mais rico e bonito. Ainda hoje, as faculdades possuem seus grupos de músicos, rotulados conforme a natureza do curso que eles frequentam: Tuna Universitária de Direito, Tuna Universitária de Medicina, Tuna Universitária de Farmácia, etc. As classes patronais também possuem grupos musicais.

No ano de 1870, a Tuna de Santiago de Compostela excursionou a Portugal, para se apresentar na Universidade de Coimbra. Fez tanto sucesso, motivando a fundação da Estudantina de Coimbra. Em 1886, foi à vez da Tuna da Universidade de Salamanca ir á capital portuguesa, influenciando os lusitanos para a criação da Estudantina Portuense. Isentas de formalidades, inúmeros grupos musicais foram despontando, dando origem a um período de pujança das tunas.

Em Portugal, o nome tuna foi incorporado ao idioma do país. Consta que a palavra tuna provém de “thune”, designativo de um albergue para mendigos, em Madrid. Isto teria levado o povo a considerar os músicos das tunas como vagabundos e malandros.

Os instrumentos musicais utilizados em uma tuna são: guitarras clássicas, cavaquinhos, bandolins, bandola, baixo acústico ou contrabaixo, pandereta, acordeão, bombo, flauta, violino e viola. Em síntese, Tuna é o grupo de estudantes que vagueia por diversos lugares, dando concertos musicais. No esporte paraense é sobejamente conhecido um clube denominado Tuna Luso Brasileira.
O aparecimento desta agremiação tem tudo a ver com um grupo constituído por jovens portugueses, que trabalhavam no comércio de Belém e decidiram formar um grupo musical para homenagear os tripulantes do Cruzador D. Carlos, da Marinha de Portugal, que aportou no cais da capital paraense no dia 13 de novembro de 1902.

Os jovens se apresentaram aos visitantes no salão do Café Apolo, levando o Senhor Antônio Augusto Lobo, a propor a fundação de um conjunto musical, para apresentar-se em festas carnavalescas e beneficentes. Á época, D. Carlos era o Rei de Portugal, razão pela qual, no dia 12 de dezembro de 1902, o grupo recebeu a denominação de “Real Tuna Luso Caixeiral”. Data de 1º de janeiro de 1903, o registro oficial da nova entidade artística. A trajetória esportiva da Tuna só começou em 1906. Porém, após a proclamação da República, em Portugal, ocorrida no dia 5 de outubro de 1910, a palavra Real foi eliminada. Em 1926. O clube adotou o nome de Tuna Luso Comercial. A 12 de junho de 1967, registrou-se como Tuna Luso Brasileira.