Osmar Júnior

A escuridão e a luz


Nos anos 80, a juventude também se preocupava com as mesmas coisas – moda, carros, baladas (tertúlias), e aqui na nossa provinciana Macapá, mais ilhados que nunca, não sacávamos nada do que estava acontecendo com a gente, ou seja, a maioria das mensagens musicais do rock 80, não entendíamos.

Letras como “Alvorada Voraz” e “Juvenília” (RPM) traziam na verdade uma carga de experiência e conhecimento de jovens músicos que tiveram a oportunidade de olhar um Brasil com os olhos de um mochileiro.

Quando me aproximei de Cazuza, percebi que o rock era muito mais que uma roupa e cabelos longos. O tal rock’n’roll se queixa da própria desinformação da juventude. E Cazuza escancarava, após a ditadura, a superficialidade do modismo da época, observando os garotos do morro, os meninos da Candelária, os moleques dos semáforos fazendo contraste com os barões e playboys da época – “Brasil mostra a tua cara; quero ver quem para pra gente ficar assim”.

Foi um percurso natural a saída de Cazuza, do Barão Vermelho, pois sua cultura já buscava, além do rock, a bossa nova, o samba e todos os frutos gostosos da MPB.

Tive a oportunidade de uma rápida convivência com Cazuza lá no Parque Lage, e saibam que da escuridão vem a luz mais divina.