Osmar Júnior

A mente coletiva é uma conspiração


Contemplo agora as folhas e suas pequenas veias, enquanto formigas as carregam.

Ao mesmo tempo sinto o vento em meu rosto, e o lavo com a água que já estava aqui quando o Espírito de Deus chegou; vejo a jaqueira e seu fruto enorme, o açúcar e o sal necessário estão aqui, quero dizer, sobre todas as coisas vivas existe uma arte única, que é a semente e o embrião, o criador a criação e sua simples ação de desenvolver uma ordem e deixar tudo se expandir pelo mundo, da ordem dos vegetais até a ordem do bicho homem, estranho homem, que também cria da madeira uma imagem, do caroço um colar, do diamante um anel, e pegou o que aprendeu com o dom da palavra o amor e o som de um instrumento e fez uma canção inteligente.

Mais é essa mesma mente que, coletivamente, cria coisas ruins, uma corrente de corrupção e vícios, de mortes e doenças, uma fábrica de coisas estranhas sempre criada pela mente coletiva.

Claro que Deus quer acabar com essa humanidade, que já está virando uma máquina fria, e não foi pra isso que fomos criados.

E agora país dos artesãos? Daremos um jeito na corrupção? Deixaremos em paz a máquina pública? Vamos consertar os desastres ecológicos e desmascarar a máfia que é a indústria farmacêutica? Criaremos soluções informais para a crise e consumiremos menos bosta musical?

Desse mar de literária lama teremos que colher flores, e teremos que ser justos com a justiça que também é injusta, e vamos para as ruas, um exército de artesãos desconstrutores descontentes com as suas últimas criações políticas.

Esse coletivo é um ser pensante, parecem dois, um positivo outro negativo, então temos que ter fé que um vai suplantar a ação do outro e salvar o Brasil.

Que coletivo é esse que fez a juventude ficar tão distraída a peso de marcas que a televisão e os outros meios divulgam? Uma música de merda, umas atitudes burras, e não adianta falar, eles estão surdos, só ouvem o que esse coletivo diz, e esse coletivo diz: Sigam por ali, continuem rumo ao abismo capitalista que vai deixar vocês igual a robôs obedientes e medíocres sem consciência política, nós não queremos gente inteligente por aqui, queremos novas doenças de laboratório espalhadas por aí, através de comidas, vacinas e sexo; temos a cura , mais ela é cara, enriquece o coletivo.

Conheço um menino que fez de restos de madeira seu próprio violão.

Conheço gênios saídos da tal falida escola pública, e não das marcas educacionais caríssimas que distribuem diplomas atropelados.

Eu faço canções das quais não tenho as virtudes e nem a glória, sou falho, acordei cedo, mas mesmo assim fui preso pela corrente; tento me soltar, soltando a voz, enquanto um homem velho rouba do país mais do que se pode gastar em uma vida inteira.
Bom domingo.