Osmar Júnior

Rios do interior


Quanto ao grande rio Amazonas suportar entulhos e dejetos, é uma longa história de incompetência em gestão ambiental pública, há décadas. O esporte praticado nele é saudável e pode ajudar na educação ambiental. Já era previsto. A juventude cumpre sua parte, o kitesurf, a canoagem, lanchas, jets, etc… Esse rio ao conduzir grandes navios com certeza pode ser transitado por todo tipo de máquinas aquáticas. Tem até motocross na maré seca. Tudo bem, até aqui, penso eu. É um rio poderoso.

Mas o que acontece nos pequenos rios do interior do Amapá, onde o bioma é bem mais delicado, é no minimo uma exibição de pobreza de espírito, pois a riqueza, segundo a visão de alguns frequentadores de casas de veraneio às margens desses santuários, ainda são músicas de mau gosto em alto volume, e jet skis em alta velocidade que já levaram inclusive pessoas pra morte; lixo plástico e lanchas caríssimas só vistas em mãos milionárias. Uma visita da Sema e uma pesquisa da universidade federal fariam muito bem para ver qual o impacto ambiental dessas atividades.

A organização dessas lindas vilas pode trazer benefícios econômicos e turísticos importantes aos moradores dessas localidades.

O clima de interior é uma dádiva da natureza e pode servir para intenso descanso, mas a algazarra e o barulho parecem ser nossa principal cultura. Isso deve acontecer de Angra ao Marajó, mas nós não precisávamos copiar tal insensibilidade.

São rios que têm suas próprias canções, a música suave do Ariri, rio Flexal, Igarapé das Almas, Maruanum, Matapi… Isso, sim, é riqueza. Peixe, açaí, farinha, são modestamente vendidos pelos moradores ribeirinhos tão cristãos, de olhos puros e gentileza inigualável da qual tenho tanto orgulho em meu povo.

Se esse cuidado com o saneamento e a preservação do ambiente começar agora vamos desenvolver no futuro vilas com qualidade de vida formidável e condições sonoras aceitáveis, um cuidado com esses rios que precisam da sensatez do comportamento humano mediante a natureza.

No fim desses dias barulhentos, a algazarra se vai, e a natureza volta ao silêncio, e dá graças a Deus. Os homens foram embora, as máquinas silenciaram, ficando só o lixo. Então volta o canto do adormecer dos pássaros, o burburinho das águas, o rebujo dos peixes, o quiriri da mata. Tudo serena! Agora tudo é poema na paz do som da natureza.

Osmar Jr.
Bom domingo