Pe. Claudio Pighin

A tecnologia digital põe em risco o futuro das pessoas?


Ninguém põe em dúvida que a explosão tecnológica digital teve grandes êxitos positivos e favoreceu maior informação e conhecimento. Hoje em dia, a nova mídia se integra à pessoa como qualquer outra necessidade essencial da vida. Por exemplo, quantas vezes pessoas que saíram para o trabalho e perceberam a falta do celular no bolso e voltaram à casa para apanha-lo, porque sem ele é impossível ficar? Essa tecnologia digital nos acompanha dia e noite. Ela determina o nosso agir. Um agir que se torna, ao passar dos tempos, sempre mais frenético, agitado e impaciente.

Os tempos atuais não são mais os tempos do passado, em que a comunicação era mais material e tangível. Com toda essa comunicação virtual, a corrida do tempo é sem fim. Ninguém consegue mais freá-lo, arresta-lo. Se pensarmos bem, nós não somos feitos para toda essa velocidade da corrida do tempo. É como ter um carro da marca Ferrari e imaginar que se corre sempre a uma velocidade de 300 km por hora. A gente talvez consiga aguentar uns primeiros quilômetros, mas depois começa ser perigoso com o passar do tempo. Imaginem correr sempre assim todos os dias, o que pode acontecer? Não vamos aguentar.

Assim é a nossa vida. Estamos a uma velocidade supersônica e, portanto, é um risco a nossa vida. Não somos feitos para viver assim, com tempos supersônicos. O nosso corpo é feito para tempos mais lentos, que tenham um ritmo mais compassado. O nosso corpo não consegue absorver o ritmo que a nossa sociedade vive com a nova tecnologia atual. Uma vida frenética imposta pela nova mídia digital e seu contesto, exige cada vez mais o nosso envolvimento.

Poderíamos fazer também mais uma comparação bem simples, mas esclarecedora. É parecido quando a gente faz uma refeição. O que acontece quando a gente come rapidamente, em poucos minutos, logo em seguida se parte para atividade? Pode provocar uma indigestão. Então, quais as ‘indigestões’ na vida digital? As tecnologias virtuais provocam tensões constantes entre realidades mais diferentes possíveis. Por que isso? A pessoa sempre vai enfrentando espaços mais diferentes e, às vezes, impensáveis. Não somente! Também pessoas de tantas raças e etnias que provocam a própria cultura de pertença.

Situações de mil facetas e que põem em discussão a vida das pessoas. Perdem-se as certezas! Até as informações são infinitas e não se sabe mais qual é a verdade. Uma situação indefinida e, portanto, de muita desconfiança. Assim sendo, o ser humano entra em contínuo conflito consigo. A cultura virtual te projeta para espaços planetários, mas não consegue enfrentar o pequeno espaço onde está, o seu quintal. Uma cultura como essa aonde nos leva? O nosso corpo talvez não consiga acompanhar tudo isso tão rapidamente. Não somos feitos para todas essas transformações ligeiras. Podemos entrar em choque. Está em jogo a vida das pessoas. Até as igrejas, neste cenário, percebem que o desafio é imenso em evangelizar na era digital. O nosso futuro está em risco!