Pe. Claudio Pighin

Conversão pastoral


Algum tempo atrás, escrevi que o racionalismo tecnológico se torna protagonista da vida das pessoas e dos jovens. Porém, esse racionalismo algorítmico tem uns limites. Por que isso? Porque os compromissos e as analogias das aproximações algorítmicas levam a suprimir tudo aquilo que não se compreende. A nossa sociedade hoje é envolvida nisso e, então, a verdade é geralmente e exclusivamente pessoal.

Assim é difícil dialogar. Mesma a religião, se não é possível compreender nem se percebe ter entendido, migra-se com facilidade para outra crença. Tudo se generaliza e se formaliza, dizendo que mais ou menos tudo é igual. A verdade se torna subjetiva e não objetiva e o pensamento mágico é um claro processo algorítmico. Além do mais, o perigo é raciocinar que o pensamento humano e os processos da computação são como idênticos. Nós confundimos o conhecimento e o significado, o processo e o propósito.

Efetivamente, se o nosso raciocínio é cada vez mais dependente dos sistemas de computação tanto mais deveremos enfrentar processos racionais que estão fora do nosso controle, e mais dependentes da técnica informática. Por isso, com toda sinceridade, confiamos e delegamos a esse processo algorítmico o nosso pensar e agir. De tal modo, a verdadeira ameaça cultural ainda somos nós, porque fomos nós a dar todo esse poder ao processo algorítmico computacional. É assim que o novo Diretório para a Catequese quer ajudar a renovar a catequese na evangelização nesse novo processo cultural digital.

O que é este Diretório para a Catequese? É um documento da Santa Sé para todas as igrejas no mundo. Os envolvidos diretos com o uso desse diretório são Bispos, sacerdotes, diáconos, religiosos e catequistas. A preocupação desse documento é ajudar a realizar uma catequese mais eficaz aos tempos de hoje. Tempos que mudaram totalmente a cultura, como falava acima, tecnológica e digital. A proposta de Jesus deve passar necessariamente pelos meios de hoje, em que o imaginário é muito reforçado, eu diria constitucional.

Assim sendo, denota-se uma séria preocupação de como melhor encarnar a proposta de catequese em nossos dias. A Cultura digital, já globalizada, determina o nosso processo evangelizador. Estamos numa transformação radical da nossa convivência e da mesma identidade pessoal. Portanto, é necessário um modelo de comunicação, de novas linguagens que possam responder a esta nova realidade. Este novo diretório pretende inspirar novos percursos para que a catequese possa oferecer aos fiéis deste mundo digitalizado capacidades de compreender e acolher a Boa Notícia de Jesus Cristo.

Realmente, eu me questiono: se, no passado, a evangelização se deixou manipular pela linguagem da escrita e verbal, por que hoje a mesma não pode se deixar manipular pela linguagem digital? É demais importante a evangelização e devemos fazer de tudo para que se torne sempre mais eficiente. Assim sendo, a catequese não pode estar separada da evangelização e não pode ser uma teoria abstrata, mas um instrumento existencial.