Pe. Claudio Pighin

Dar alma à economia de amanhã


Um evento internacional em Assis, de 19 a 21 novembro, debaterá e estudará uma nova economia para fazer viver e não matar, incluir e não excluir. Estarão presentes mais de 2000 economistas e empreendedores, abaixo dos 35 anos, de 115 nações. Esta iniciativa é promovida pelo papa Francisco que “deseja que ajude a se encontrarem para se conhecerem e realizar um pacto para mudar a atual economia e dar uma alma à economia de amanhã”.

Essa crise mundial que estamos vivendo, provocada pelo coronavírus, põe em discussão também e, sobretudo, toda a economia. Portanto, como reanima-la? Em primeiro, lugar a escolha do lugar onde será debatido tudo isso. É a cidade de Assis. Ela nos relembra São Francisco e suas escolhas. Assis dá sentido a uma humanidade que precisa ser mais fraterna e solidária.

São Francisco se despojou de tanta materialidade para seguir Jesus Cristo, tornando-se pobre e irmão de todos. E, justamente, a partir dessa opção de vida, surgiu uma nova concepção de economia, que talvez pode ainda hoje nos iluminar e reger um mundo mais fraterno e atento a quem mais necessita. Um modelo econômico que possa ser fruto de uma cultura de comunhão e que se fundamente sobre a fraternidade e equidade. Isto é, que possa responder efetivamente ao projeto da Criação de Deus.

Não se pode ficar parado numa economia que visa maximizar os lucros e todo o resto não conta. Não pode existir uma economia que favoreça somente ‘alguns’. É urgente uma nova economia que possa favorecer as mudanças de vida que vão desde a ecologia até a convivência entre os povos e as próprias pessoas. Não podemos pensar numa economia integral sem uma vida integral dos povos. Nesse debate mundial de Assis, destaca-se que o papa faz ao contrário das grandes potências: no lugar de convocar economistas e empresários afirmados pela idade e experiência, convoca jovens que estão iniciando.

Creio que essa opção é maturada como a melhor e corajosa maneira de fazer mudanças na economia e no mesmo mundo a partir do projeto de Deus. Qualquer plano econômico deve sempre responder à Criação do mundo e ao seu Criador. Portanto, o papa Francisco, qual Pedro da Igreja, tem o direito de verificar e orientar para que uma a economia possa responder ao projeto de Deus.

Esses jovens têm as possibilidades de pensar e se questionar, inspirados por São Francisco, o que significa construir uma economia nova à medida para os filhos/as de Deus. Uma economia que exalte o ser humano como um todo. Será uma experiência bem profissional, que não deixa espaço à improvisação, em que terão reflexões, escuta de pessoas de alto nível profissional e reprovada afirmação no campo econômico e empresarial e, assim, tentar formular propostas de mudanças para a vida de hoje.

Precisamos reconhecer que uma mudança radical econômica inicia, reconhecendo que ouro e dinheiro não são os bens absolutos, mas são outros e que às vezes são invisíveis. Nenhuma economia funciona se antes dos produtos não sabemos discernir os bens.