Pe. Claudio Pighin

De geração em geração, cantaremos os vossos louvores


Muitas pessoas me dizem: “Padre, vou todos os dias à igreja, rezo sempre, mas nada está dando certo! Parece que a vida dos não crentes seja mais clemente e vitoriosa. A vida dos bandidos parece ser mais feliz! Por que isso?” O salmo 78 nos fala o seguinte:

“Senhor, povos infiéis invadiram a vossa herança, profanaram o vosso santo templo. De Jerusalém fizeram um montão de ruínas. Os corpos de vossos servos expuseram como pasto às aves, e os de vossos fiéis às feras da terra. Rios de sangue fizeram correr em torno de Jerusalém, e nem sequer havia quem os sepultasse. Tornamo-nos, para nossos vizinhos, objetos de desprezo, de escárnio e zombaria para os povos que nos cercam. Até quando, Senhor?… Será eterna vossa cólera? Será como um braseiro ardente o vosso zelo? Desferi, antes, vossa ira sobre as nações que não vos conhecem, e sobre os reinos que não invocam o vosso nome, pois Jacó foi por eles devorado e devastaram a sua habitação. De nossos antepassados esqueçais as culpas; vossa misericórdia venha logo ao nosso encontro, porque estamos reduzidos a extrema miséria. Ajudai-nos, ó Deus salvador, pela glória de vosso nome; livrai-nos e perdoai-nos os nossos pecados pelo amor de vosso nome. Por que hão de dizer as nações pagãs: Onde está o seu Deus? Mostrai-lhes, a esses pagãos, diante de nossos olhos, que pedireis conta do sangue de vossos fiéis, por eles derramado. Cheguem até vós os gemidos dos cativos: livrai, por vosso braço, os condenados à pena de morte. Sobre as cabeças dos nossos vizinhos recaiam, sete vezes, as injúrias com que vos ultrajaram, Senhor. Quanto a nós, vosso povo e ovelhas de vosso rebanho, glorificaremos a vós perpetuamente; de geração em geração cantaremos os vossos louvores.”

Vamos dar uma pequena explicação sobre esse salmo. É uma grande choradeira de todo o povo de Israel pelo fato de que o Templo de Jerusalém foi praticamente destruído. Esse Templo que representa tudo para eles. Então se questiona o porquê de tudo isso. E a resposta é o pecado de Israel. Esse pecado, de se afastar de Deus, tomou conta de Jerusalém. Assim sendo, a justiça de Deus não podia ficar parada. E a destruição é uma consequência da justiça divina e, ao mesmo tempo, a restauração por meio da expiação; e o perdão é a resposta de Deus em defesa da sua potência e da sua fidelidade.

Os primeiros versículos são uma descrição da devastação e profanação do Templo: um montão de ruínas e muitos corpos no chão ao pasto dos urubus. Sangue derramado por todo lado que brilha ao sol. Uma tristeza absoluta. Perante essa brutalidade feita pelo exército de Babilônia é somente um aspecto da verdade, segundo Israel; e o outro aspecto é de se buscar na profanação que Israel mesmo fez com o seu pecado. Quase uma autoconfissão pelo povo escolhido: afastar-se de Deus pode comportar tudo isso. Então, como reagir a tanta calamidade? Única coisa é o arrependimento.
É perante o arrependimento que Deus volta a defender o seu povo, protegendo-o de tantos ataques dos inimigos. Daqui se incrementa a esperança de uma espera da misericórdia por parte de Deus e, ao mesmo tempo, a certeza de que o Senhor defenderá o seu fiel, o seu povo. Assim sendo, o salmo nos revela a vontade de nunca desistir em combater o mal e de não se deixar levar pelo desânimo. Nunca se acomodar, porque a renúncia leva a ter uma vida apagada, infecunda, incapaz perante os eventos da vida a ter uma posição. É necessário manter essa força para manter vivo o presente e o futuro da vida.

Este é um privilégio de fazer da nossa vida bem viva e não envelhecida. Uma vida de maravilha. E nesse sentido o papa Francisco reforça a importância do perdão de Deus, durante a audiência geral que teve no dia 9 de agosto de 2017: “É bom pensar que Deus não escolheu como primeira massa, para formar a sua Igreja, pessoas que nunca erravam. A Igreja é um povo de pecadores que experimentam a misericórdia e o perdão de Deus. Pedro entendeu mais verdades sobre si mesmo ao canto do galo, do que dos seus impulsos de generosidade, que lhe enchiam o peito, levando-o a sentir-se superior em relação aos outros. Irmãos e irmãs, todos nós somos pobres pecadores, necessitados da misericórdia de Deus, que tem a força de nos transformar e restituir esperança, e isto todos os dias. E fá-lo! E às pessoas que entenderam esta verdade basilar, Deus confia a missão mais bonita do mundo, ou seja, o amor aos irmãos e às irmãs, e o anúncio de uma misericórdia que Ele não nega a ninguém. E esta é a nossa esperança. Vamos em frente com esta confiança no perdão, no amor misericordioso de Jesus.”