Pe. Claudio Pighin

Deus é a minha verdadeira ajuda


As pessoas não vivem somente momentos de alegria e felicidade, mas também de tristeza e sofrimento. Os desafios da vida são grandes no percurso da história da humanidade. Há pessoas que chegam a um desespero tão grande que não sabem mais o que fazer. Conheço realidades tão comoventes de desespero que me deixam muito triste e preocupado. Tem gente que chega a invocar até a morte como solução da própria vida. Perante tudo isso, eu sempre me refugio na Palavra de Deus. O que Ela me diz, me ilumina. Para mim, é um sol que resplandece no meio das trevas da história das pessoas. Por isso, quero propor esse salmo 53 das Sagradas Escrituras para oferecer luz à humanidade, àqueles que estão no desespero, que não encontram mais uma luz no final do túnel da vida. Leia atentamente o que diz:

“Quando os zifeus vieram dizer a Saul: Davi encontra-se escondido entre nós. Pela honra de vosso nome, salvai-me, meu Deus! Por vosso poder, fazei-me justiça.

Ó meu Deus, escutai minha oração, atendei as minhas palavras, pois homens soberbos insurgiram-se contra mim; homens violentos odeiam a minha vida: não têm Deus em sua presença.

Mas eis que Deus vem em meu auxílio, o Senhor sustenta a minha vida.

Fazei recair o mal em meus adversários e, segundo vossa fidelidade, destruí-os.

De bom grado oferecer-vos-ei um sacrifício, cantarei a glória de vosso nome, Senhor, porque é bom, pois me livrou de todas as tribulações, e pude ver meus inimigos derrotados.”

Esse breve salmo nos mostra como se faz uma intercessão a Deus. Como invoca-Lo. E para isso destaca-se esse modelo em que aparece um “eu” que intercede, reza; um “eles”, que são os inimigos; e o terceiro, o “Deus” que atende a súplica. E assim mostra-nos também como uma oração evoca os momentos da vida: com um passado feliz, um presente bem triste e um futuro esperançoso, bem melhor do presente. Uma oração bem cadenciada pelo nome de Deus. Dito isso, podemos ver nesse salmo como os inimigos ameaçam a vida do justo fiel.

Nesse sentido, o intercessor diz: “Salvai-me, meu Deus! Por vosso poder, fazei-me justiça…” Ele sente o real perigo da perseguição do poderoso e arrogante que ameaça a sua vida. Nessa oração se mescla dor e esperança. Nesse sentido, o justo fiel focaliza a pressão e ameaça do poderoso mau e arrogante. Por isso, o suplicante acredita cegamente que Deus, Senhor da história, vai intervir para defender o pequeno humilde pobre. Assim sendo, esse humilde pobre confia na ação de Deus e, portanto, o medo desaparece. O baluarte Deus é garantia de vida, é segurança: “De quem eu terei medo!”.

Com essa confiança, mostra-nos que o verdadeiro protagonista da história da vida é Deus e não os poderosos desse mundo. Deus é quem socorre as vítimas da injustiça. A Ele se abandona o justo sofredor e perseguido. O sofrimento é tão grande que o Senhor não consegue “fechar os olhos e seus ouvidos”, garantindo-lhe o seu amparo. E esse justo é tão convencido dessa presença de Deus que: “Fazei recair o mal sobre os meus inimigos”. Por que chega a tanta certeza? Porque essa intervenção divina deve ser reconduzida à Sagrada Aliança que Deus fez com o seu povo escolhido. Portanto, Deus não pode abandonar esse vínculo com as suas criaturas que Ele mesmo escolheu e que é muito precioso. E, enfim, o fiel que faz a sua oração antecipa o seu futuro fundado na sua fé em Deus: “Cantarei a glória de vosso nome, Senhor, porque é bom.”

O passado tão triste e cruel se reverterá em um futuro de glória e triunfo, porque é sustentado pelo Deus, Senhor da história. A oração conclui repleta de esperança e de coragem. Nas trevas da humilhação e opressão resplandece a luz da fé em um Deus que liberta o fiel oprimido e sofredor. Essa oração se torna a oração de todos os que sofrem e são oprimidos. Para finalizar tudo isso, quero reportar aqui as palavras do Papa Francisco pela ocasião do ‘Angelus’ do dia 26.02.2017: “Existe um Pai amoroso que não se esquece nunca de seus filhos. Entregar-se a Ele não resolve magicamente os problemas, mas permite enfrentá-los com o espírito correto, corajosamente.” E continua o santo Padre: “Deus não é um ser distante e anônimo: é o nosso refúgio, a fonte de nossa serenidade e de nossa paz. É a rocha da nossa salvação, a quem podemos agarrar-nos na certeza de não cair. Quem se agarra a Deus não cai, quem se agarra a Deus, não cai nunca! É a nossa defesa do mal, sempre à espreita. Deus é para nós o grande amigo, o aliado, o pai, mas nem sempre nos damos conta disto”. E o Bergoglio termina na ótica cristã:

“A esperança cristã é voltada ao cumprimento futuro da promessa de Deus e não se rende diante de alguma dificuldade, porque é fundada na fidelidade de Deus, que nunca falta. É fiel, é um pai fiel, é um amigo fiel, é um aliado fiel”.