Pe. Claudio Pighin

Deus é nosso refúgio


Recentemente, vi pelas redes sociais algumas cenas da novela DancinDays exibida pela Rede Globo entre os anos de 1978 e 1979. O que me deixou pasmo foi ver que, já naquele tempo, era levantada a questão da corrupção, desonestidade, o suborno, a falência do país, com o sistema penitenciário horrível, tudo isso em pleno regime militar. O princípio de dignidade e honra não é palavra abstrata, mas real, dizia-se nesta telenovela. A minha rápida conclusão foi de fazer a ligação daquele tempo com o nosso. Parece que os dois tempos estão em perfeita sintonia.

Portanto, regimes diferentes no poder, mas a realidade não muda! Então, como resgatar essa almejada sociedade honesta e digna? Creio que o famoso ditado popular que diz que o povo merece o governo que ele tem é uma denúncia de que precisamos mudar em primeiro lugar o próprio povo na sua maneira de pensar e agir para obter uma realidade mais honesta e digna. Aqui que está a questão: como o povo pode fazer essa mudança? Eu acho que são a educação e o ensaio verdadeiro da experiência de Deus na história de cada um. Essa experiência leva o ser humano a ser menos egoísta e mais altruísta.

Creio que a raiz dos males que nos assolam se centraliza principalmente no egoísmo humano, e por isso o salmo 45 da Bíblia nos ajuda a depor a nossa confiança em Deus e não no nosso ego. É esse ensaio que pode favorecer valores como a honradez, honestidade, dignidade e assim por diante. Leia o que diz o salmo:

“Deus é nosso refúgio e nossa força, mostrou-se nosso amparo nas tribulações.Por isso a terra pode tremer, nada tememos; as próprias montanhas podem se afundar nos mares.Ainda que as águas tumultuem e estuem e venham abalar os montes, está conosco o Senhor dos exércitos, nosso protetor é o Deus de Jacó.Os braços de um rio alegram a cidade de Deus, o santuário do Altíssimo.

Deus está no seu centro, ela é inabalável; desde o amanhecer, já Deus lhe vem em socorro.Agitaram-se as nações, vacilaram os reinos; apenas ressoou sua voz, tremeu a terra.Está conosco o Senhor dos exércitos, nosso protetor é o Deus de Jacó.Vinde admirar as obras do Senhor, os prodígios que ele fez sobre a terra.Reprimiu as guerras em toda a extensão da terra; partiu os arcos, quebrou as lanças, queimou os escudos.Parai, disse ele, e reconhecei que sou Deus; que domino sobre as nações e sobre toda a terra.Está conosco o Senhor dos exércitos, nosso protetor é o Deus de Jacó.”

Precisamos resgatar essa consciência do fiel que fez nessa oração. É Deus a nossa segurança, a nossa força. Não são as nossas estratégias de poder e de riqueza. Isso, segundo a Palavra de Deus, é pura ilusão.

Diz o salmo que dentro de Sião, cidade do Altíssimo, tem segurança. A paz reina entre os seus muros. Os horizontes se iluminam de imenso. É em Jerusalém que cada fiel experimenta o refúgio e a força de Deus. Fora dela a tempestade toma conta, tudo se agita: as águas destroem e os fundamentos da terra se abalam, o nada e o mal atentam a beleza da criação. Somente com Deus se encontra a paz. Quanto é verdade esse testemunho do salmista: não podemos buscar a paz fora do nosso Deus. A nossa vida tem sentido na medida em que estivermos ligados a Ele, no seu Templo.

Significa que temos que dar prioridade absoluta ao ensino da Palavra de Deus, das Sagradas Escrituras, e interpreta-las retamente. Sendo assim, não podemos nunca dar a última palavra, mas sermos fiéis discípulos do nosso Deus. É a nossa fé que nos dá mais plenitude de vida. Vivendo a nossa fé Nele nos despojamos do nosso egoísmo para estar em perfeita harmonia com Ele. E assim tudo pode acontecer, as turbulências da vida, abalos emocionais, incompreensões, traições, abandonos, mas a nossa confiança Nele é indestrutível. As forças malignas não poderão de jeito nenhum derrubar essa fonte da vida que é a fé em Deus. É essa vivência da fé que amplia o horizonte da esperança, que destrói a corrupção e a desonestidade. E para celebrar um país melhor precisamos nos deixar educar pelo nosso Deus. Precisamos ser somente bons alunos e não rebeldes, de cabeça dura. Evitar de sermos faladores de Deus, mas viver Dele. É nessa base que construiremos uma realidade de dignidade e honradez. Portanto, é a partir do povo fiel a Deus que construiremos também governos transparentes e honestos. Nada é impossível, mas somente sermos pessoas, um povo que tem sede da Palavra de Deus e se deixa conduzir por Ela.