Pe. Claudio Pighin

Deus é o senhor de toda a humanidade


O nosso Deus não é exclusividade de ninguém, mas é para todo mundo. Nesse sentido, todas as pessoas, todos os povos, todas as raças pertencem a Deus e, assim, todos podem fazer a experiência Dele: um Deus conosco! Há pessoas que se acham excluídas, que não têm essa capacidade ou se reputam indignas. E há até pessoas que dizem que isto não existe, que é uma invenção humana. Quem nos ajuda a responder a todas essas realidades é sempre o livro da Sagrada Escritura. Precisamos conhecê-las mais, aprofunda-las mais para abrirmos as nossas mentes e corações. A verdadeira sabedoria da nossa vida se atinge nas páginas sagradas da Palavra de Deus. E hoje queremos conhecer melhor o salmo 46 do Antigo Testamento para descobrirmos a importância da nossa vida através da experiência do nosso Deus.

“Povos, aplaudi com as mãos, aclamai a Deus com vozes alegres, porque o Senhor é o Altíssimo, o temível, o grande Rei do universo.
Ele submeteu a nós as nações, colocou os povos sob nossos pés, escolheu uma terra para nossa herança, a glória de Jacó, seu amado.
Subiu Deus por entre aclamações, o Senhor, ao som das trombetas.

Cantai à glória de Deus, cantai; cantai à glória de nosso rei, cantai.

Porque Deus é o rei do universo; entoai-lhe, pois, um hino!

Deus reina sobre as nações, Deus está em seu trono sagrado.

Reuniram-se os príncipes dos povos ao povo do Deus de Abraão, pois a Deus pertencem os grandes da terra, a ele, o soberanamente grande.”

O salmo inicia proclamando que o nosso Deus é rei do universo. Por isso devemos aclama-Lo e aplaudi-Lo. O contexto desse hino, provavelmente, deve-se enquadra-lo em uma grande celebração no templo de Jerusalém, onde teve uma solene entronização da famosa Arca da Aliança. O que é a Arca da Aliança? No livro sagrado do Êxodo encontramos que o profeta Moisés orientou a construção da mesma iluminado por Deus. Nessa Arca, foram guardadas as tábuas da Lei, a vara de Arão e um vaso do maná. De fato, essas três representavam a aliança de Deus com o povo de Israel. Para os judeus, a Arca não era somente representação, mas a própria presença de Deus.

Por exemplo, também para nós católicos, a Eucaristia não é uma representação de Jesus, mas a sua presença real. Dito isso, o salmo põe o Senhor no centro de tudo, ergueu acima de tudo, configurando-lhe títulos gloriosos como ‘Altíssimo, Terrível e Grande’. Com isto, exprime a onipotência divina, o seu poder sobre toda a criação. Nesse sentido, privilegia-se a eleição de Israel como seu povo para viver o amor Dele. E essa consciência que o Deus transcendente, altíssimo e grande escolheu um povo e uma terra prometida para que todos os povos e todas as terras sejam santificadas.

A segunda parte do hino é um convite a louvar esse Deus Altíssimo, rei de toda a terra. É uma aclamação destinada à realeza divina e, em particular, à arca da aliança. E esse louvor deve-se estender a todos os povos e os seus chefes, porque Deus é também soberano de todos eles, embora tenha escolhido Israel. Assim sendo, mostra o universalismo da missão que Deus entrega para o seu povo escolhido. O povo ‘do Deus de Abrão’ com a sua eleição recebe a missão de pregar a Palavra de Deus para que todas as nações, todas as raças e culturas se salvem. Deus é Senhor de toda a humanidade. E para nós cristãos, quem não lembra aquela passagem de Jesus onde declarava que ‘o tempo chegou e o reino de Deus está próximo’? (Mc 1,15).

A grande esperança de toda a humanidade é ter essa consciência que Deus é o Senhor dela e que Ele não a abandona. A respeito disso, leia esse texto de uma homilia do papa Francisco na sua capela de Santa Marta: “Deus é apaixonado pela nossa pequenez, e a sua misericórdia não tem fim”. “Este amor” de Deus que é “um amor tenro, um amor como o de um pai ou de uma mãe quando conversa com o filho que acordou assustado com um sonho” e conforta-o com um “fica tranquilo, não tenhas medo”.

“Todos nós conhecemos as carícias dos pais e das mães quando as crianças ficam inquietas por causa de um susto: ‘Não tenhas medo, eu estou aqui; Eu sou apaixonado pela tua pequenez’. E também: ‘Não temas os teus pecados, Eu quero-te bem; Eu estou aqui para perdoar-te’. Esta é a misericórdia de Deus”.

Para o Santo Padre, “o Senhor tem vontade de tomar sobre si as nossas fraquezas, os nossos pecados, os nossos cansaços. Jesus quantas vezes demonstrava isso e depois: ‘Venham a mim, todos vocês que estão cansados e eu dar-lhes-ei repouso. Eu sou o Senhor, Vosso Deus, te tomarei pela direita e Te direi ‘não tenhas medo, pequenino, não tenhas medo. Eu te darei força. Dá-me tudo e Eu perdoar-te-ei, te darei a paz’”. Por tudo isso, louvemos o nosso Senhor.