Pe. Claudio Pighin

Deus nos fala


“Voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, e que estava de acordo com o que lhes fora dito.

Mas Maria guardava todas estas coisas, conferindo-as em seu coração”.

Maria a mãe de Jesus é apresentada de maneira muita discreta e em segundo plano. É Jesus o centro da narração, e toda a cena gira ao seu redor. Os pastores encontraram de fato o Menino e a sua mãe Maria e passados os oito dias “foram cumpridos, para circuncidar o Menino, foi-lhe dado o nome de Jesus, que pelo anjo lhe fora posto antes de ser concebido”.

Maria, continua o evangelho, “guardava todas estas coisas, conferindo-as em seu coração”. Vejam bem, os pastores reagiram perante o extraordinário acontecimento maravilhando-se por aquilo que viram e, portanto, retornando ao rebanho deles louvavam e glorificavam a Deus. No entanto Maria guardava tudo na sua memória e meditava no seu coração. Isto é, Ela reflete intensamente à luz da Palavra de Deus, para poder compreender melhor o que significa na vida Dela tudo aquilo. Assim sendo, as palavras que para os outros despertaram maravilhas, para Ela alimentaram escuta profunda, consciente e continuada. Maria participa ativamente com a contemplação deste grande mistério de Deus, porque quer entrar na lógica do Senhor Onipotente.

A Virgem se tornou a Tenda do Deus Altíssimo. Como Deus se faz presente na nossa vida, e Maria, nesse sentido, nos ilumina. Que exemplo! Então surgem esses questionamentos de como nós percebemos a proximidade do nosso Deus e como reagimos a esta extraordinária presença. Portanto, estamos imitando os pastores ficando simplesmente maravilhados ou como Maria nos recolhemos em silêncio na oração e meditação para entender o grande mistério de Deus na nossa vida? Maria não é somente a mãe de Jesus, mas é também aquela que nos ajuda como entender a Sua presença. Essa sua escuta profunda e contemplação se torna modelo pra nós de verdadeira interpretação sobre o mistério de Jesus.

É o evento cristã marcado pela tensão entre glória e pobreza, majestade e pequenez. Por fim vemos a circuncisão do menino Jesus conforme a lei mandava. A circuncisão era um sinal de pertença ao povo de Israel. Dava identidade à pessoa. É nessa ocasião que cada criança recebia o seu nome. E José fiel ao anjo lhe põe o nome de Jesus. Este nome é o mesmo que o Josué, que quer dizer “Deus salvará”. Outro nome que em seguida será dado a Ele é “Cristo”, que significa “Ungido ou Messias”. Jesus é o Messias esperado. Um terceiro nome é “Emanuel”, que quer dizer Deus conosco. Portanto o nome completo é Jesus Cristo Emanuel!

Neste primeiro dia do ano esta Palavra de Deus nos abre a mente e o coração para meditarmos e contemplarmos como Deus compartilha a nossa vida e quer nos salvar para sempre. Por isso um bom ano para todos.

* Sacerdote e doutor em teologia.
E-mail: clpighin@claudio-pighin.net