Pe. Claudio Pighin

Deus tem compaixão e nós devemos imitá-lo


As Sagradas Escrituras nos ensinam a viver, a saber se relacionar com os outros, a ter sabedoria, a ter justiça, a sermos transparentes, entre outros. Gostei de ver como o papa Francisco, de maneira bem objetiva, nos revela uma dimensão importante da vida que pode ser assumida por todos nós. O próprio Deus nos ensina tudo isso. Veja essas palavras que o santo padre pronunciou em 17/09/2019 durante uma missa celebrada na capela Santa Marta, no Vaticano: “A compaixão faz ver as realidades como são; a compaixão é como a lente do coração: nos faz entender realmente as dimensões. E no Evangelho, Jesus sente muitas vezes compaixão. A compaixão também é a linguagem de Deus. Não começa, na Bíblia, a aparecer com Jesus: foi Deus quem disse a Moisés “vi a dor do meu povo” (Ex 3,7); é a compaixão de Deus, que envia Moisés a salvar o povo. O nosso Deus é um Deus de compaixão, e a compaixão é – podemos dizer – a fraqueza de Deus, mas também a sua força. Aquilo que de melhor dá a nós: porque foi a compaixão que o levou a enviar o Filho a nós. É uma linguagem de Deus, a compaixão.”

Isso mostra que a compaixão leva a pessoa a ir ao encontro do outro, socorrer aquele que precisa. Não é, portanto, um simples sentimento, mas um partilhar a vida, sair do próprio ‘eu’ para exaltar o próximo. Assim sendo, a compaixão não é, como popularmente se fala, uma pena, mas muito mais que isso. Compaixão leva a se comprometer com o outro, a promovê-lo. Para melhor compreender isto, é bom relembrar algumas palavras do Evangelho: “O Senhor sentiu compaixão”. E, por isso, Deus age e vai ao encontro da pessoa, dar uma solução para ela, seja qual for. E continua o papa Francisco dizendo: “E se a compaixão é a linguagem de Deus, muitas vezes a indiferença é a linguagem humana. Cuidar até certo ponto e não pensar além. A indiferença. Um dos nossos fotógrafos, do l’Osservatore Romano, tirou uma foto que agora está na Esmolaria, que se chama ‘Indiferença’. Já falei outras vezes disto. Uma noite de inverno, diante de um restaurante de luxo, uma senhora que vive na rua estende a mão a outra senhora que sai, bem coberta, do restaurante, e esta senhora olha para o outro lado. Esta é a indiferença. Vejam aquela foto: esta é a indiferença. A nossa indiferença. Quantas vezes olhamos para o outro lado… E assim fechamos a porta para a compaixão. Podemos fazer um exame de consciência: eu habitualmente olho para o outro lado? Ou deixo que o Espírito Santo me leve para o caminho da compaixão? Que é uma virtude de Deus…”.

Seguindo a compaixão, ela também nos leva a fazer justiça, isto é, recompor no outro a dignidade de filho ou filha de Deus. Vivendo, portanto, a dimensão da compaixão, nos afastamos da indiferença, do egoísmo e de procurar somente e exclusivamente os próprios interesses. Talvez seja o mal dos nossos tempos: falta de compaixão! É bom sempre recordar que se Deus tem compaixão por nós, quem somos nós para não termos compaixão dos outros?.