Pe. Claudio Pighin

Felizes aqueles cuja vida é pura!


O salmo 118 das Sagradas Escrituras é o mais cumprido de todos os salmos (176 versículos). Podemos também dizer que é um ‘poema da palavra’. Neste salmo, canta-se a ‘Torah’, a Lei de Deus; uma Lei que vai além da mesma Lei e se torna a Palavra revelada. A Palavra que se manifesta com toda a sua onipotência. Pode-se observar que a cada versículo está presente pelo menos um dos oito termos com que se define a Lei-Palavra de Deus. Eles são a seguir: Lei, Palavra, Testemunho, Juízo, Dito, Decreto, Preceito e Ordem. Revela-se, neste salmo, um tema muito interessante que é aquele do caminho. O caminho da vida. Ele é o símbolo de vida e existência do dia-a-dia. E pelo fato que representa a vida, não descarta as dificuldades, tentações e os sofrimentos, mas, ao mesmo tempo, demonstra uma grande serenidade e confiança na Palavra de Deus. E não só, além do mais diz que: “saborosa é para mim vossa palavra! É mais doce que o mel à minha boca.” A Palavra de Deus é um ponto firme de referência para a vida do fiel. Sem ela, sente-se perdido. Que sentido tem esse testemunho para nós cristãos? É uma bela lição para tomar a sério e colocar em prática essa Palavra de vida eterna. Poderíamos dizer ainda que são bem-aventurados aqueles que praticam a Palavra de Deus, porque se tornam de fato irmãos e irmãs (Lc. 8,21). Pelo testemunho desse extraordinário salmo, revela-se a transparência de vida do fiel; e ele quer ser correto-verdadeiro: “Afastai-me do caminho da mentira, e fazei-me fiel à vossa Lei. Escolhi o caminho da verdade, impus-me os vossos decretos.” Outro aspecto: como um jovem manterá pura a sua vida? A resposta é: “Sendo fiel às vossas palavras. De todo o coração eu vos procuro.”

Guardando, fielmente, na própria vida a Palavra de Deus não se ofenderá Deus. Assim sendo, se terá capacidade de pronunciar todos os decretos do Senhor e mantê-los vivos com as constantes reflexões. Essa é a verdadeira alegria do fiel, do justo, porque nunca esquece a sua Palavra. Tudo isso é uma graça, manter viva a Palavra do Senhor. O fiel insiste e pede a Deus que abri os seus olhos para poder enxergar as maravilhas de sua Lei. Reconhece que os seus esforços não são suficientes para alcançar esta sintonia com o Senhor, se não tiver a sua própria ajuda. Ao mesmo tempo, os soberbos, aqueles que se afastam da sua Palavra, são malditos, perdidos nos meandros da vida.

Estar longe da Palavra de Deus, fica-se confundido, sem rumo. Aí aparece a vaidade em que não se enxerga mais o caminho da vida. Essa Palavra divina vale muito mais do que dinheiro e capital que o ser humano constrói. Isso é um nada perante a Palavra de Deus. Sim, a verdadeira sabedoria provém da Palavra de Deus e não do dinheiro. E termina o salmo dizendo que a Palavra de Deus é isenta de toda a impureza e, por isso, o salmista diz: Cante minha língua as vossas palavras.