Pe. Claudio Pighin

Levanto os olhos para vós!


O salmo 122 das Sagradas Escrituras focaliza a importância dos olhos para a vida do ser humano. De fato, diz-se que eles são o espelho do interior da pessoa, permitem perscrutar as pessoas. Aliás, às vezes, justamente se reconhece que os olhos nos olhos valem mais de tantas palavras ou discursos entre os indivíduos. A linguagem é muita mais forte do que as outras linguagens. O salmo tomado em consideração é enfocado sobre os olhares que se encontram.

Diz o seguinte: “Levanto os olhos para vós, que habitais nos céus. Como os olhos dos servos estão fixos nas mãos de seus senhores, como os olhos das servas estão fixos nas mãos de suas senhoras, assim nossos olhos estão voltados para o Senhor, nosso Deus, esperando que ele tenha piedade de nós.” E como os olhos dos servos observam minuciosamente as mãos dos seus patrões para captar qualquer mínimo gesto que possa revelar a vontade ou bondade deles.

Na simples invocação pessoal e comunitária, é comparada ao mundo dos palácios reais de Oriente, onde a esperança dos pobres neles depositam confiança. Assim, o fiel que reza, intercede Deus, alimenta a esperança de que seus inimigos serão derrotados; a justiça será feita e a sua libertação está próxima. A relação do fiel com o seu Deus é o esteio da sua vida. Porém, precisa também evidenciar que é bem diferente essa confiança entre os servos e os seus patrões e os fieis com Deus.

A relação de submissão a Deus gera salvação, bondade, piedade. É bem diferente a submissão aos patrões que a Deus. É uma submissão que gera promoção, liberdade e vida. Na segunda parte do salmo, evidencia-se outra simbologia chamada de saciedade, de fartura, não de comida ou de favores, mas de desprezo e zombarias: “Tende misericórdia de nós, Senhor, tende misericórdia de nós, porque estamos saturados de desprezo. 4. Nossa alma está em excesso repleta da zombaria dos opulentos e do desprezo dos soberbos.”

E o autor do salmo explica que a causa desse imenso sofrimento provém de duas classes sociais que ele define os “opulentos”, isto é, aqueles que não precisam e nem estão aí com Deus e assim chegam até ironizar os outros, e os soberbos. Perante toda essa situação, Deus, que é o Senhor da Vida, toma ‘partido’ em favor dos que são escravizados. Deus tem compaixão dos que o imploram e pedem a sua ajuda. O Deus da Vida é justo e tem piedade.

E o papa Francisco no ‘Angelus’ do dia 16.12.2018 falou o seguinte: “A consciência de que nas dificuldades podemos sempre dirigir-nos ao Senhor, e de que Ele jamais refuta nossas invocações, é um grande motivo de alegria”. E continua o Santo Padre: “Nenhuma preocupação, nenhum medo jamais conseguirá tirar-nos a serenidade que vem não de coisas humanas, das consolações humanas: não; a serenidade que vem de Deus, do saber que Deus guia amorosamente nossa vida, e o faz sempre. Mesmo em meio aos problemas e aos sofrimentos, esta certeza alimenta a esperança e a coragem.”