Pe. Claudio Pighin

Louva, ó minha alma, o Senhor!


O salmo 145 das Sagradas Escrituras é o grande louvor ao Senhor Deus. Um louvor sem fim, que perdura até o fim: “Louvarei o Senhor por toda a vida. Salmodiarei o meu Deus enquanto existir.” Portanto, é um hino de festa, mas, ao mesmo tempo, pode-se notar uma grande concentração teológica. Veja nesses versículos: “É esse o Deus que fez o céu e a terra, o mar e tudo o que eles contêm; que é eternamente fiel à sua palavra, que faz justiça aos oprimidos, e dá pão aos que têm fome. O Senhor livra os cativos; o Senhor abre os olhos aos cegos; o Senhor ergue os abatidos; o Senhor ama os justos. O Senhor protege os peregrinos, ampara o órfão e a viúva; mas entrava os desígnios dos pecadores. O Senhor reinará eternamente; ó Sião, teu Deus é rei por toda a eternidade.”

Observa-se quantas vezes o nome de Deus é citado. E qual o sentido de todos esses nomes? Preocupam-se em celebrar quanto esse Deus ama as suas criaturas, em particular, àquelas fragilizadas e fracas. E mostra o salmista através da citação “Deus que fez o céu, a terra e o mar”, de maneira bem simbólica, a criação do universo na sua totalidade. É esse o Deus criador que tudo lhe pertence, e nós queremos adora-Lo. Por que queremos adora-Lo? Porque Ele é fiel para sempre à sua imensa obra criada. Que maravilha aos nossos olhos essa obra divina! Não temos palavras ao contemplarmos tudo isso. Além do mais, revela o autor que Deus faz ‘justiça aos oprimidos’ e abate os poderosos. Um Deus, portanto, que é justo e defensor dos últimos.

Na mesma lógica, continua o salmista dizendo que Deus ‘dá pão aos que tem fome’. Assim sendo, afirma, de maneira indireta, sobre a destinação universal dos bens que estão antes de cada direito de propriedade privada. Continua dizendo que o Senhor livra os presos e abre os olhos aos cegos. Isto mostra implicações da era messiânica, revelando assim sinais da nova criação de uma nova humanidade. O salmista conclama também que Deus ‘ergue os abatidos’: Ele se curva sobre aquele que está no chão pelo desespero e pela humilhação da vida e fica próximo para lhe dar a possibilidade de se agarrar e assim se levantar para ter novas perspectivas de vida. Dignidade. Tem mais: ‘O Senhor ama os justos’, isto é, os fiéis que seguem e vivem a lei moral divina. ‘O Senhor protege os peregrinos, os estrangeiros’: eles têm em terra estrangeira o defensor e protetor supremo que é o mesmo Deus. ‘Ele ampara o órfão e viúva’, categorias desprotegidas de um defensor, neste caso, que seriam pai e esposo, e, portanto, confiados diretamente ao Senhor. ‘Entrava os desígnios dos pecadores’, o autor quer mostrar como Deus se opõe àqueles que se afastam Dele em seus gestos e mentalidades. É a justiça que prevalece contra os projetos dos ímpios, de forma que quem reina é sempre o Senhor.

Por isso, o louvor é proclamar o projeto de amor e de misericórdia de Deus sobre o mundo. É este Reino que perdurará pelos séculos, de maneira gradual e eficaz. Esta perspectiva leva a louvar sempre o Senhor da Vida.