Pe. Claudio Pighin

Nao sejamos “peixes” na internet


É verdade, por aquilo que sabemos, não temos garantias de segurança total no uso e privacidade da internet. Somos como uma ‘porta’ que está sempre aberta e qualquer um pode ter acesso, pode entrar. Efetivamente, não existe segurança total, mas é também verdade que se pode evitar sermos ‘peixes na internet’. O cenário que assistimos no mundo é permeado pela nova logica digital que foge dos padrões da comunicação da ‘caneta e papel’. A nova lógica da ‘Rede’ pode ser manipulada por qualquer um, sem controle de ninguém, e divulgada sem restrições de tempo e espaço. Sendo assim, que controle pode ter uma comunicação on-line? Não só, como se pode também guardar com segurança e sem limites de tempo uma comunicação digital?

Em primeiro lugar, é necessário conhecer a origem da internet. Nasceu, na verdade, para ser um sistema de partilhar informações. Portanto, não para ser uma venda de produtos etc., e, assim, uma comunicação com limites definidos. E a lógica da escrita, do papel, desaparece neste campo digital. Por exemplo, aquilo que você escreve em seu caderno é seu e dificilmente os outros podem compartilhar, ao máximo as pessoas que lhes estão perto, e essas não são muitas. No entanto, aquilo que você escreve na internet, na rede, é exposto ao mundo todo e sem poder de controle. Uma vez que foi lançada a sua mensagem na rede está fora dos seus comandos. Assim sendo, quando se usa esse tipo de comunicação digital, precisamos ter muito bom senso para não ter depois surpresas desagradáveis e perigosas.

De fato, essas surpresas traumatizam uma infinidade de pessoas, deixando-as sem rumo e perdidas. Aumentam a desconfiança e as certezas adquiridas no passado. Pode ver, tanto no campo religioso e sócio-político, se põe tudo em discussão. Perderam-se as estabilidades. O que fazer para se opor a tudo isso? Creio que uma boa medida é ler atentamente o que aparece ou aquilo que se quer escrever on-line. Isto é, devo pensar aos meus destinatários e seus contextos e as possíveis consequências que poderão resultar. Um bom senso é nos fazer constantemente perguntas sobre tudo isso. Outro problema sério é sobre as questões dos e-mails, WhatsApp, Facebook, Instagram e outros. Aqui também a ignorância predomina.
Somos um universo de ingênuos. Por tudo isso, precisamos ter uma preparação para enfrentar o ‘Web’. No ‘Web’ tudo é sem sabor, sem cheiro e intangível. Se formos analisar a evolução humana, percebe-se que aconteceu na base da curiosidade e do medo. No entanto, hoje o medo desapareceu. Assim sendo, precisamos cada vez mais de bom senso para reconhecer os perigos que temos na internet. Sobretudo a partir dos mecanismos psicológicos. Foi através desses mecanismos que a rede destruiu a democracia representativa. Alimentou o ódio, o desgosto, insatisfação e a decepção. Muitas vezes deu voz aos ‘imbecis’ como falou o famoso semiólogo Umberto Eco. Não facilitou uma boa concentração e reflexão. E sobretudo estimulou o narcisismo, fonte de males para a nossa convivência.