Pe. Claudio Pighin

O fiel justo segue as opções de Deus


Estamos muito acostumados a ouvir a proclamação do nome de ‘Deus’ por todo lado, sobretudo em discursos oficiais de poder. A palavra ‘Deus’ parece ser usada para dar aquela garantia, certeza ao discurso para se tornar mais crível. É uma maneira de falar, como diz popularmente o nosso povo, da boca pra fora. Na verdade, a menção de Deus nos discursos, mensagens, até pregações, é somente um preenchimento da fala discursiva, preenchimento de vazio.

Este, podemos até dizer, é diabólico, porque quer se projetar, na verdade, os projetos de vida excluindo Deus. Essa maneira de falar, quantas vezes é mais fácil marginalizar eventos, fatos ou pessoas que contradizem uma eventual conduta nossa, que é adversa ao Reino de Deus? No final, não queremos desconfiar de nós mesmos, mas, sim, do nosso Deus. A história se repete, o ser humano acha que tudo pode pela sua fala e a sua conduta.

Como este julgamento é tão duro e, naturalmente, isto nos envolve. A fidelidade de Deus ao seu projeto de Vida é eterna. A justiça de Deus ninguém pode impedi-la. Ele vai fazer de tudo para que aconteça. Com certeza, Ele encontra sempre a sua solução. Neste sentido, temos que rever as nossas concretas teimosias egoísticas, que nos levam a ter uma concepção de vida sem Deus, sermos os donos do Reino Dele. O salmo 51 das Sagradas Escrituras nos ajuda a compreender melhor a nossa vida:

“Quando Doeg, o idumeu, veio dizer a Saul: Davi entrou na casa de Aquimelec. Por que te glorias de tua malícia, ó infame prepotente?

Continuamente maquinas a perdição; tua língua é afiada navalha, tecedora de enganos. Tu preferes o mal ao bem, a mentira à lealdade.Só gostas de palavras perniciosas, ó língua pérfida!
Por isso Deus te destruirá, há de te excluir para sempre; ele te expulsará de tua tenda, e te extirpará da terra dos vivos. Vendo isto, tomados de medo, os justos zombarão de ti, dizendo:Eis o homem que não tomou a Deus por protetor, mas esperou na multidão de suas riquezas e se prevaleceu de seus próprios crimes.

Eu sou, porém, como a virente oliveira na casa de Deus: confio na misericórdia de Deus para sempre. Louvar-vos-ei eternamente pelo que fizestes e cantarei vosso nome, na presença de vossos fiéis, porque é bom.”

A estrutura do salmo pode ser definida por três imagens: do ímpio, do ser justo e da cena de Deus que julga. Os símbolos que representam o ímpio são a língua igual a uma navalha afiada, palavras perniciosas e, no entanto, o justo como uma virente oliveira.

O ímpio é apresentado pelo autor do salmo como: ‘Por que te glorias de tua malícia, ó infame prepotente?’ O ímpio agride o justo falando mal dele, não o respeitando. De fato, quem é o justo aqui, segundo o salmista? É ele mesmo. Ele que reza dizendo: ‘eu confio na misericórdia de Deus para sempre.’ E aqui se contrapõe o malvado, igual a navalha afiada, ao fiel justo que é doce e leve como uma árvore de oliveira plantada nos jardins do templo. Portanto, esse justo, é um ser humano de paz, de tranquilidade, de firmeza, de bênção e de confiança em Deus. Assim sendo, o justo conhece, saboreia o que é eterno, representado simbolicamente pela oliveira. Porém, ao centro do salmo se destaca que o ímpio e o justo são convocados perante Deus para serem julgados. E aqui mostra como Deus age em maneira forte, quase como se fosse uma detonação do ímpio, extirpando-o da terra dos seres humanos.

Perante tudo isso, compreende-se que a verdadeira estabilidade do ser humano não está na habilidade das pessoas, mas em Deus. É Ele a nossa defesa. Esse juízo contra as pessoas ruins é louvado pelos justos. Essa ação de Deus é realmente temida pelos seres viventes, mas ao mesmo tempo gera alegria porque a justiça foi feita. Assim, os arrogantes, os soberbos, desafiadores da justiça, são reduzidos a nada. O ímpio pode ter toda a riqueza que quiser, ilusão de segurança e proteção, mas sem Deus é perdido.

Toda a sua maquinação perversa contra o justo é destruída por Deus, refúgio dele. O salmo se apresenta, não obstante a revelação da força do ímpio, com uma grandeenergia de otimismo. Nos mostra como Deus é e não é indiferente à nossa história, mas se faz presente ativamente. E se faz presente do jeito Dele e não a partir da nossa maneira de pensar e agir. Ele restabelece a justiça para valorizar a obra como um todo da criação. Qual a lição de tudo isso? O fiel, o justo, deve sempre confiar e aguardar para compartilhar as opções de Deus para fazer justiça. Somente assim seremos capazes de louvar e agradecer o nosso Deus entre nós.