Pe. Claudio Pighin

Ó, meu Deus, meu rei, eu vos glorificarei!


Este hino é um solene louvor ao Senhor, rei da história. É o salmo 144 das Sagradas Escrituras que celebra a soberania de Deus pelo seu amor para todas as suas criaturas. Um amor que revela todo o seu carinho e ternura para que sua obra principal, o ser humano, se perpetue para sempre. Assim sendo, podemos reconhecer que Deus está presente na história, e não só, mas revela o próprio plano em relação a ela, que é de harmonia e paz. É um plano em que a colaboração dos seres humanos é cada vez mais participativa. Um plano de colaboração efetiva.

Podemos constatar que esse plano se manifesta em duas instâncias. Na primeira se fala de obras, majestade gloriosa, grandes ações, imensa bondade e justiça, isto é, poderosa entrada de salvação na história: “Grande é o Senhor e sumamente louvável, insondável é a sua grandeza. Cada geração apregoa à outra as vossas obras, e proclama o vosso poder. Elas falam do brilho esplendoroso de vossa majestade, e publicam as vossas maravilhas. Anunciam o formidável poder de vossas obras e narram a vossa grandeza. Proclamam o louvor de vossa bondade imensa, e aclamam a vossa justiça. O Senhor é clemente e compassivo, generoso e cheio de bondade. O Senhor é bom para com todos, e sua misericórdia se estende a todas as suas obras.”

Portanto, nós não somos abandonados às ventanias ou aos fragores das águas, mas somos entregues à ação prodigiosa de Deus poderoso que nos ama sem fim e que nos reserva um projeto eterno. Na segunda instância, Deus revela a sua fidelidade misericordiosa e de amor em relação ao ser humano, mas sobretudo ao pobre: “O Senhor se aproxima dos que o invocam, daqueles que o invocam com sinceridade. Ele satisfará o desejo dos que o temem, ouvirá seus clamores e os salvará. O Senhor vela por aqueles que o amam, mas exterminará todos os maus.” É um Deus que se abaixa para proteger as suas criaturas, parecido a um pai que protege os seus filhos, e os ajuda a levantar aqueles que estão vacilando ou prostrados na poeira.
O final do salmo é um convite ao louvor universal: “Que minha boca proclame o louvor do Senhor, e que todo ser vivo bendiga eternamente o seu santo nome.” Confirmação da grandeza da vida pela grandeza de Deus. E proclamamos com o nosso salmista: “Glorifiquem-vos, Senhor, todas as vossas obras, e vos bendigam os vossos fiéis. Que eles apregoem a glória de vosso reino, e anunciem o vosso poder, para darem a conhecer aos homens a vossa força, e a glória de vosso reino maravilhoso.”

O Papa Francisco celebrou a Eucaristia na Capela da Casa Santa Marta, no dia 14/12/2017, e na sua homilia disse:

“Sou capaz de falar com o Senhor assim ou tenho medo? Cada um responda. Mas, alguém pode dizer, pode perguntar: “Qual é o local teológico da ternura de Deus? Onde pode ser encontrada a ternura de Deus? Qual é o lugar onde a ternura de Deus se manifesta melhor? Na chaga. As minhas chagas, as chagas de Jesus, quando se encontram as minhas e as suas chagas. Em suas chagas fomos curados”.