Pe. Claudio Pighin

O valor da caridade num mundo em pandemias


A caridade salva o mundo. A humanidade terá um rumo de vida e não de morte, se tiver caridade. Neste período de pandemia, vemos como é difícil ter uma vida de normalidade e de convivência. E creio que tudo isso despertou em cada um de nós a percepção de que a nossa vida está impregnada de ameaças de sobrevivência. Nos sentimos ameaçados e frágeis. O planeta todo está abalado. E isto nos faz refletir sobre como conduzimos a nossa VIDA.

No entanto, não é somente a pandemia da covid-19 que nos ameaça. Experimentem pensar todo o ódio que paira na nossa realidade, quanto está pandêmica! Pense bem: quantas mentiras espalhadas no nosso meio? Quantas injustiças? Quantas falsidades? Quantos enganos e destruições? Verdadeiras pandemias que nos ameaçam constantemente. Somos cercados de muitas pandemias.

Existe, então, uma verdadeira vacina para outras tantas pandemias? Eu, fiel a Sagrada Escritura, proclamo: o que nos protege dessas múltiplas ameaças é a caridade. Ser caridoso é ter coragem de reconhecer o outro que necessita da minha ajuda. Diz o livro do Eclesiástico 3,33: “A água extingue o fogo e a esmola apaga os pecados”. Uns dos aspectos da caridade é justamente a esmola. Quantas oportunidades de esmola podemos fazer na nossa vida!

Renunciar um pouco de si para doar a quem necessita nos dá mais alegria e paz que tantos bens que podemos possuir. Olhe o que diz o Eclesiástico: “Encerra a esmola no coração do pobre, e ela rogará por ti a fim de te preservar de todo mal. Para combater o teu inimigo, ela será uma arma mais poderosa do que o escudo e a lança de um homem valente” (Eclo 29,15-16). Além do mais, diz São Pedro: “Caridade encobre uma multidão de pecados” (1 Pe 4,8).

Naturalmente, um coração possuído por esse espírito transforma a vida da pessoa, a rende mais transparente e mais feliz. Porém, quem se recusa a fazer isso se esconde atrás de tantos raciocínios e justificativas que negam o outro e faz da própria vida uma ilusão. E São João acrescenta: “Se alguém tiver recursos materiais e vendo seu irmão em necessidade não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus (1 João 3:17)?

Quando alguém não se apega nos próprios bens materiais, aceita facilmente um convite como esse que provem sempre da Sagrada Escritura: “Dá esmola de teus bens, e não te desvies de nenhum pobre, pois, assim fazendo, Deus tampouco se desviará de ti” (Tob 4,7). Fazer esmola significa apostar numa vida que não seja egoística mas altruística, e como sempre eu digo: “investir no Banco de Deus”. Uma vida que vai além daquilo que enxergamos.

O livro dos Provérbios, das Sagradas Escrituras, diz: “Quem se apieda do pobre, empresta ao Senhor, que lhe restituirá o benefício” (19,17). Continua no livro de Tobias: “Porque a esmola livra do pecado e da morte e preserva a alma de cair nas trevas. A esmola será para todos os que a praticam um motivo de grande confiança diante do Deus Altíssimo” (Tob 4,11-12).

Creio que devemos meditar tudo isso para poder entender melhor o que Deus quer da gente, e somente assim colaboraremos com uma vida projetada para o infinito. É uma vacina como esta que nos preserva das pandemias de todo mal. Quem não entrar nessa lógica de Deus, isto parece absurdo, desconfiará de tudo e de todos. E quero enfim agradecer os múltiplos testemunhos de esmola-caridade que encontro na grande Belém.