Pe. Claudio Pighin

Páscoa: resposta à cultura midiática


Hoje, mais do que nunca, as pessoas são invadidas por “rios de palavras”, frutos de uma tecnologia perfeccionista e, ao mesmo tempo, exibicionista. Essa emergente onda comunicativa é fruto de uma civilização concentrada sobre a cotidiana experiência dos meios de comunicação social. Eles constituem a alma de cada ação humana. Portanto, aquilo que acontece na complexa e difícil atividade do nosso mundo é ligada à incidência da sequência de mensagens que invadem a vida de cada um, na presunção de oferecer a verdade.
Infelizmente, deve se notar que a busca pela resposta fundamental, que a humanidade tanto persegue, não passa através dos mecanismos do fruto da inteligência humana, que é aquela que nós hoje comumente chamamos de mídia. De fato, a opinião atual acha que esta mídia possa resolver o problema das conturbadas cotidianidades do ser humano moderno, o qual, porém, fica traído por esta sua aposta, porque suas principais perguntas ficam sem respostas. As propostas da cultura midiática se revelam insuficientes porque são ligadas à materialidade do ter. É uma comunicação que caracteriza o nosso tempo e que não consegue levantar, motivar as pessoas a ir além dos seus limitados e apertados horizontes.
A pessoa, sabemos, é algo muito mais que isto, vai bem além pela sua vocação que tem. O acontecimento da ressurreição entra neste contexto, permitindo uma visão que supera este nosso horizonte fechado. Hoje, mais que nunca, o nosso tempo registra esta situação. A Ressurreição nos testemunha a atualidade de sua mensagem. Páscoa se revela, assim como em todos os tempos e também hoje, a verdadeira leitura que propõe ao ser humano não se deixar levar sob a pressão da lógica do tempo que passa. A Ressurreição é uma proposta de comunicação encarnada, a qual é mediadora de vida. Nela, o projeto humano acha a plenitude da sua busca. Por isso, a sua celebração não pertence à retórica das tradicionais festividades.
Páscoa é a oferta viva e permanente em um tempo de presunção e de confusão. É evidente que nesta perspectiva a nossa comunicação, para ser vital, deve possuir alguns requisitos contemplativos do mistério pascal. Neste sentido, constrói-se um verdadeiro percurso comunicativo, a partir do evento da experiência cristã, mais do que o tecnológico. A Ressurreição nos ajuda a nos encontrar constantemente. Portanto, uma comunicação verdadeira tem de passar por esta experiência, que nos revela que vamos além de uma simples história humana. Como o Cristo ressurgido conseguiu dar tanta coragem aos apóstolos trancados no cenáculo por medo e que não hesitaram depois em sair para testemunha-Lo, assim nós podemos fazer da nossa comunicação que seja mais objetiva e verdadeira, na medida em que nos deixamos viver por este evento único na história.
Páscoa é tudo para nós. É a nossa festa, a nossa vida, é a nossa comunicação. A Páscoa nos ajuda a enxergar aquilo que nós humanos não sabemos ver.
Por tudo isso FELIZ PÁSCOA.