Pe. Claudio Pighin

Promovemos uma cultura da paz


Todos nós somos convidados por uma política da paz. Esta é possível por meio de uma informação de paz. Paz e informação. Duas realidades fundamentais para a convivência humana. Parece que estão em risco. O nosso mundo, onde o progresso avança sempre mais e a tecnologia dos meios de comunicação se expande com ritmos acelerados, mostra-nos a real ligação e dependência entre esses dois fatores, a comunicação e a informação.

Aliás, dizia o papa S. João Paulo II, elas representam hoje um poder que poderia bem servir a causa da paz, mas também criar tensões e provocar guerras e violações dos direitos humanos. Segundo McLuhan, nós estamos determinados pela tecnologia, ou seja, pelo determinismo tecnológico e, por isso, para ele, a única solução é desconectar o cabo de força da tomada, isto é, cortar esse tipo de comunicação. Certamente, nós não estamos de acordo com esse tipo de afirmação, embora reconheçamos que a situação seja preocupante. Porém, achamos que o ser humano possa encontrar as soluções por meio da sua capacidade do saber e do dialogar. No entanto, nos questionamos: será que estamos ensaiando, vivendo esta dimensão do saber e do dialogar?

Pelo menos nós da Igreja nos interrogamos o que estamos fazendo, de fato, em relação a isso?

Além do mais, por exemplo, como a informação é submetida a limitações e condicionamentos políticos e econômicos, arriscando, assim, de ser sempre menos independente, livre e insuficiente. Desde sempre, a guerra como o terrorismo se alimentam por uma informação facciosa, parcial e duvidosa que gera medo, ódio e violência.

Ao mesmo tempo, cada vez que se esconde ou se muda a verdade, que se obscurece uma manifestação ou projeto de paz, que se privilegiam os interesses de uns no lugar do bem comum, cumpre-se assim um grave atentado à construção da paz. S. João Paulo II escreveu: “as formas e as maneiras como são apresentadas situações e problemas tais como o desenvolvimento, os direitos humanos, as relações entre os povos, os conflitos ideológicos, sociais e políticos, as reivindicações nacionais, a corrida para ter mais armas, para fazer alguns exemplos, influem diretamente em formar a opinião pública e criar mentalidades orientadas no sentido da paz ou abertas, no entanto, para soluções de força”.

Continua o Santo papa: “A comunicação social, se quiser ser instrumento de paz, deverá superar as considerações unilaterais e parciais, removendo preconceitos, criando, no entanto, um espírito de compreensão e de recíproca solidariedade”. Infelizmente, os grandes e poderosos meios de informação difundem uma falsa ideia da paz que se associa a inércia, renúncia, entrega, resignação, impotência. As imagens, palavras e atitudes irresponsáveis transmitem princípios e comportamentos que corroem as raízes por uma cultura da paz. Porém, a paz se gera e mantém com uma informação e uma comunicação livre, se preocupa com o bem comum, é próxima aos direitos e as necessidades das pessoas. Assim sendo, uma livre informação pode crescer somente na paz.

Assim, não devemos “dormir”, mas acordar as nossas aspirações para uma cultura de paz.